ARACAJU/SE, 16 de abril de 2024 , 6:31:31

logoajn1

“Política de preços da Acelen é amparada por critérios técnicos”

Por Cláudia Lemos

O preço dos combustíveis praticado no Brasil é um assunto de interesse público. Para tirar as dúvidas dos consumidores, o Jornal Correio de Sergipe, conversou com Cristiano Costa, VP Comercial da Acelen, que administra a Refinaria Mataripe, localizada na Bahia. Ele esclarece que a empresa não vende combustíveis diretamente para os postos e sim aos distribuidores, que comercializam com os postos, e esses definem seus próprios valores nas bombas. Atuando na Bahia, Sergipe, Pernambuco, Maranhão, Minas Gerais, Alagoas, Tocantins, Amazonas e Pará, Costa ressalta que a política de preços da Acelen é transparente, amparada por critérios técnicos, em consonância com as práticas internacionais de mercado.

 

Correio de Sergipe – A Acelen, que administra a Refinaria de Mataripe, decidiu não seguir a nova política de preços da Petrobras. Por qual razão?

Cristiano Costa – A Acelen é uma empresa privada e por essa razão sempre seguiu uma política de preços totalmente independente da Petrobras, com uma fórmula transparente, homologada pela Agência Nacional do Petróleo, órgão regulador do setor. Nossa fórmula é baseada em critérios técnicos, com objetivo de garantir previsibilidade e preços justos, em prol de um mercado mais competitivo no país. Foi justamente por causa desta política independente, que a Acelen conseguiu manter combustíveis mais competitivos em 80% dos dias do ano até o momento sendo mais célere que a Petrobras para realizar os ajustes de preços.

 

CS – Qual critério a Acelen está utilizando para precificar a gasolina vendida aos postos em Sergipe?

CC- A Acelen não vende gasolina para os postos. A Refinaria de Mataripe vende os combustíveis aos distribuidores, esses são os que vendem aos postos, que definem seus próprios preços. Lembrando que dentro da composição dos preços nos postos temos os custos dos biocombustíveis (Etanol e Biodiesel), custos logísticos, impostos e as margens de distribuição e revenda.

 

CS – Você acredita que a nova política de preços da Petrobras vai fazer a Acelen perder mercado?

CC- Os preços dos produtos produzidos na Refinaria de Mataripe seguem critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete, podendo variar para cima ou para baixo. Nossa política de preços é transparente, amparada por critérios técnicos, em consonância com as práticas internacionais de mercado.

 

CS – No ano passado, a Acelen acionou o Cade alegando que pagava mais pelo petróleo produzido no país. Como está essa situação?

CC- Nosso pleito junto ao órgão de Defesa da Concorrência é para que a Petrobras estenda às refinarias privadas as mesmas condições para aquisição de petróleo que aplica às suas próprias refinarias.O Brasil precisa garantir um ambiente de negócios previsível, seguro e justo, coibindo práticas anticompetitivas. No refino, isso passa fundamentalmente pelo acesso igualitário ao petróleo. A Acelen confia em um desfecho rápido e adequado para o caso.

 

CS – Fale um pouco dos custos que a Acelen tem para entregar e receber produtos.

CC – Como somos uma refinaria, não produzimos a matéria-prima. A Petrobras nos vende o petróleo considerando suas cotações internacionais, que variam diariamente. Por isso não faz sentido algum pagarmos preços internacionais pelo petróleo e não seguir preços internacionais de derivados na venda.

 

CS- Qual a capacidade de produção hoje da refinaria de Mataripe?

CC- Nossa capacidade saltou 205 mil barris por dia quando assumimos a refinaria, em 2021, para 290 mil barris por dia, em 2022. Em apenas um ano e meio de gestão e R$ 1,1 bilhão de investimentos em recuperação, modernização e eficiência energética, conseguimos um aumento de 22% na produção.

 

CS- O Grupo assumiu a refinaria, que antes era gerida pela Petrobras, em dezembro de 2021, quanto já foi investido?

CC- No primeiro ano de gestão da Refinaria de Mataripe, implantamos um robusto programa de investimentos, de R$ 1,1 bilhão, para revitalização da planta, sendo R$ 500 milhões destinados à manutenção e modernização das unidades produtivas, que resultaram em ganhos de eficiência, aumento de produção (em 22%), equivalente a 290 mil barris de petróleo/dia, e recordes de produção. Com isso, também foi possível ampliar e diversificar nosso portfólio, com o lançamento de novos produtos, passando a oferecer mais de 30 itens e a conquista de novos mercados.Também investimos aproximadamente R$ 100 milhões no desenvolvimento sustentável da refinaria, por meio da implantação de melhores práticas sustentáveis para um refino focado na redução do impacto no meio ambiente. Entre os equipamentos voltados para a melhoria dos indicadores ambientais que foram recuperados e/ou renovados, podem ser listados a unidade de recuperação de enxofre, as estações de tratamento de água e efluentes, trocadores de calor, caldeiras, turbinas, pré-aquecedores de fornos, tubulações, isolamentos etc.

 

CS- Além da gasolina, diesel e lubrificantes, quais outros produtos são produzidos na refinaria de Mataripe?

CC- Temos um extenso portfófio com mais de 30 produtos. Desde que assumimos a refinaria, lançamos cinco novos produtos – propano especial, butano especial, diesel marítimo, solvente e OCB1, que é o óleo industrial com baixo teor de enxofre, em linha com o DNA sustentável da Acelen. Além disso, somos grandes produtores de nafta, querosene de aviação e somos líderes na produção de parafina na América Latina, possuindo 22% de market share na região e 70% no Brasil.

 

CS- Como vocês conseguiram contornar a falta de mão de obra qualificada. Hoje são quantos funcionários?

CC – Hoje temos mais de mil funcionários e chegamos a gerar mais de quatro mil empregos na época das paradas de manutenção das unidades da refinaria. Já investimos R$ 16,6 milhões em desenvolvimento profissional, capacitação e profissionalização, cursos de formação, tecnologias, segurança, pesquisa em inovação, iniciativas sociais e sustentabilidade.

Diante da carência de capacitação especializada no setor para avançar nos projetos e nossos planos de expansão, implantamos o Acender, nosso Centro de Excelência em Educação, destinado à qualificação dos nossos colaboradores, por onde todos passam por treinamentos. Criado em 2022, o espaço já promoveu a formação profissional de 260 novos operadores de refino e manutencistas através da parceria com o Senai Cimatec, e a capacitação de mais de 250 novos Técnicos de Operação contratados pela Acelen para atuar em nossa Refinaria. Também investimos R$ 4,6 milhões em cursos gratuitos no Senai Bahia para técnicos de operação e manutenção, realizado em 2022. Em outra frente, numa iniciativa inédita, lançamos um programa de jovem aprendiz exclusivo para mulheres. Abrimos 40 vagas para jovens das comunidades do entorno da refinaria, em mais uma parceria com o Senai, para o curso em técnico de petroquímica, com duração de dois anos, preparando-as para o mercado de trabalho. Ainda neste mês, devemos lançar mais cursos de formação e capacitação.

 

CS-   Vocês entregam combustível hoje em quantos estados?

CC – Hoje atuamos na Bahia, Sergipe, Pernambuco, Maranhão, Minas Gerais, Alagoas, Tocantins, Amazonas e Pará.

Você pode querer ler também