ARACAJU/SE, 23 de abril de 2024 , 19:17:08

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A Mãe da Divina Eucaristia (Parte I)

 

Padre Everson Fontes Fonseca,

Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Mosqueiro

 

Ainda na reflexão do capítulo sexto do Evangelho de João, onde o Senhor, após ter multiplicado os pães e os peixes, alude à Santa Eucaristia, escutamos de Seus lábios a promessa: “[…] assim aquele que me recebe […] viverá por causa de mim” (Jo 6,57). Assim, nesta feita, desejo refletir acerca da belíssima relação entre Maria e a Eucaristia. E, para fazê-lo, valho-me da última Carta Encíclica do Papa São João Paulo II, “Ecclesia de Eucharistia”, que trata sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja.

No sexto e último capítulo de sua Encíclica, apontando-nos para a Escola de Maria, Mulher “Eucarística”, o Papa polonês assevera-nos: “Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja” (n. 53). Maria é a ilustre filha da Igreja. Na afinidade entre a Virgem Maria e a Esposa Igreja apresentada pelas Sagradas Escrituras, uma representa a outra e vice-versa. Tal como a Igreja nos aponta para o Santíssimo Sacramento como ‘fonte e ápice da vida cristã’, de igual modo a Santíssima Virgem Maria “pode nos guiar para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com ele” (Ibidem).

Pela leitura bíblica – mais propriamente dos Evangelhos –, temos a ciência de que Maria não estava presente no cenáculo, quando o Senhor nosso e seu Filho, Jesus Cristo, instituiu, para a nossa salvação, os sacramentos dos Seus divinos Corpo e Sangue. Sim, espacialmente, a Mãe do Salvador não estava ali. Entretanto, se é verdade que os Doze nos representavam (porque simbolizavam toda a Igreja), teologicamente, a Virgem era pelos Apóstolos representada. Se a Igreja se vê em Nossa Senhora, a afirmativa poética de que, quando da Encarnação do Verbo, a “primeira que comungou foi a Virgem Maria”, não é exagero algum dizer que, assim como a Virgem ‘comungou’ do Senhor ao trazê-lo em Seu ventre virginal, nela, a Igreja foi engravidada, e, nesta atitude, também comungou em vista do seu futuro.

Corroborando este nosso pensamento, recorremos à Ecclesia de Eucharistia, aos dizeres de São João Paulo II: “Maria antecipou também, no mistério da encarnação, a fé eucarística da Igreja. E, na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de ‘sacrário’ – o primeiro ‘sacrário’ da história –, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, Se presta à adoração de Isabel, como que ‘irradiando’ a sua luz através dos olhos e da voz de Maria. E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e O estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo inatingível de amor a que se devem inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas [e acrescento: bem como, toda a Igreja]?” (n. 55).

Após esta breve catequese onde refletimos, à luz do mistério da Encarnação, sobre Maria, primeiro Sacrário que resguardou o Corpo do Divino Salvador, no nosso próximo encontro, ainda na contemplação da “Mulher Eucarística”, tratá-la-emos na dimensão sacrifical que a Eucaristia comporta em si, tal como se reproduz no Calvário, e, portanto, na Santa Missa.

Até lá!