ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 17:44:11

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“Pelo povo brasileiro, ó Senhora Aparecida”

Padre Everson Fontes Fonseca,
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Mosqueiro.

É impressionante como a Divina Providência, nas vicissitudes dos tempos, sempre oferece sinais à humanidade, mais proximamente à Santa Igreja, de Sua ação. Tal interesse por nós, de igual maneira, se mostra quando Deus oferece a Sua Mãe para ser também nossa.

Quando do alto ato do Calvário, onde o Senhor Jesus Cristo, dentre tantos presentes que nos acompanham na salutar vida cristã, lega Nossa Senhora por Mãe ao Discípulo Amado, o mais moço – para inspirar-nos na interpretação de ser o mais inerme -, o Salvador do gênero humano quer nos fazer entrever o cuidado materno da Virgem Maria ao longo da nossa história até o findar dos séculos. Acompanha, portanto, a apresentação da Virgem Maria a João (e, por este, a humanidade), quando diz: “Eis a tua mãe” (Jo 19,27), a expressão imperativa de Maria, que ecoa desde as Bodas de Caná ao nosso coração: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). E já que, por um lado, temos Maria como sinal de Deus, de Sua proteção e de Seu amparo, por outro, temos, também, a nossa responsabilidade de, como ela, desenvolvermos o plano da vontade divina em nossa existência, integralmente, sem meios termos, sem titubeações. Isso ela nos demonstrou, quando disse, na Anunciação: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38); palavras que se postam ao lado do proposto por Jesus, que nos ensina no Pai-Nosso: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6,10).

Na saga de Ester, encontramos algo que nos chama a atenção: as palavras do rei Assuero dirigidas à rainha, que nos recordam aquelas que Herodes, enfeitiçado pelo charme da dança da filha de Herodíades, sua amante, pronuncia, enchendo o nobre salão de festas. Ambos disseram, cada um a seu tempo: “Ainda que me pedisses a metade do meu reino, ela to seria concedida” (Es 7,2b; Mc 6,23). Quero aproveitar a oportunidade desta reflexão para compararmos as intenções presentes em cada ocasião: na leitura de Ester, temos uma mulher preocupada não apenas consigo, mas com todo o seu povo; na passagem de Marcos, quando do aniversário de Herodes, temos uma jovem que, influenciada por sua mãe, promotora da morte de um inocente (como João Batista) para garantir o seu status de amante do rei, sendo, por isso, subserviente ao pecado, já que pensa apenas nos seus vis interesses. A primeira, arriscando até a própria vida para a salvação de tantas; a segunda, para manter-se na opulência e satisfação de prazeres. Entretanto, nem Ester, tampouco a filha de Herodíades (principalmente esta), se comparam à Virgem Santíssima. Em confrontação à filha de Herodíades, a quem a tradição lhe outorgou o nome de Salomé, Nossa Senhora rompe com o pecado, e mais do que rompe, pisa-lhe a cabeça, é-lhe isenta. Daí, ser Imaculada desde a sua concepção. Já em relação à rainha Ester, Maria a supera na preocupação com o povo de Deus, na salvaguarda de suas vidas. Temos em Ester, portanto, a figura de Maria, e em Salomé, a sua total desfiguração.

Entretanto, diante dos exemplos de Ester e Salomé aos quais recorremos em relação a Maria, a limitação se encontra mais latente ainda nas figuras dos reis: tanto Herodes quanto Assuero são injustos. Sabemos que o nosso Deus é a fonte de toda a justiça. Diante de tantas mazelas que se abatem sobre o nosso povo, Deus, que é o nosso Rei, quer se valer dos rogos de nossa Rainha, Sua Mãe a nós concedida, que, instantemente, Lhe diz: – Eles não têm o vinho da alegria, que és tu. Fica sempre com eles, não os abandones: concedas-lhes a vida – eis o meu desejo! Eles que, a mim, foram confiados. (cf. Jo 2,3; Es 7,3).

Que a grande intercessora da vida dos brasileiros sempre peça a Deus, nosso Rei, por nós, o seu povo, os seus filhos!