ARACAJU/SE, 6 de dezembro de 2025 , 22:42:18

Atlas 3D mapeia todos os edifícios do mundo pela primeira vez

 

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM), na Alemanha, acaba de responder a uma pergunta aparentemente simples, mas até agora sem resposta precisa: quantos edifícios existem na Terra? São 2,75 bilhões de construções, agora mapeadas em três dimensões pela primeira vez na história.

O GlobalBuildingAtlas ( https://github.com/zhu-xlab/GlobalBuildingAtlas ), como foi batizado o projeto, representa um salto em relação ao que existia até então. O maior banco de dados global anterior reunia cerca de 1,7 bilhão de edifícios, mais de 1 bilhão a menos que o atlas alemão. Além da quantidade, a resolução dos modelos tridimensionais impressiona: 30 vezes mais detalhada que bases comparáveis.

“Com modelos 3D, vemos não apenas a área construída, mas também o volume de cada edifício, possibilitando insights muito mais precisos sobre condições de vida”, afirmou Xiaoxiang Zhu, professora responsável pela cadeira de Ciência de Dados em Observação da Terra na TUM, em comunicado da universidade.

O que faltava nos mapas anteriores

O diferencial do atlas alemão não está somente nos números. Regiões historicamente negligenciadas em mapeamentos globais, como África, América do Sul e áreas rurais, agora aparecem com o mesmo nível de detalhe que metrópoles europeias ou norte-americanas.

Do total de construções catalogadas, 2,68 bilhões (97%) foram convertidas em modelos 3D LoD1 (Level of Detail 1). Trata-se de representações simplificadas que capturam forma básica e altura de cada estrutura, mas que, ao contrário de mapeamentos bidimensionais, permitem cálculos precisos de volume e análises de densidade urbana em larga escala.

Os dados foram extraídos de imagens de satélite PlanetScope capturadas em 2019, processadas por meio de algoritmos de aprendizado de máquina desenvolvidos especificamente para o projeto. O estudo foi publicado na revista científica Earth System Science Data.

Volume per capita como termômetro social

A equipe da TUM propõe uma métrica inédita para análise urbana: volume de construção per capita. O indicador mede a massa total de edificações em relação ao número de habitantes, funcionando como termômetro de desigualdades sociais e econômicas.

Na prática, o indicador revela onde há déficit habitacional, áreas de adensamento excessivo ou regiões com infraestrutura insuficiente. Informações desse tipo são essenciais para gestores públicos que precisam decidir onde construir escolas, postos de saúde ou conjuntos habitacionais.

“Esse indicador apoia o desenvolvimento urbano sustentável e ajuda cidades a se tornarem mais inclusivas e resilientes”, destacou Zhu no comunicado da universidade.

Da adaptação climática à prevenção de desastres

As aplicações práticas do GlobalBuildingAtlas vão além do planejamento urbano tradicional. Modelos climáticos ganham precisão ao incorporar dados tridimensionais de edificações, melhorando estimativas de demanda energética, emissões de CO₂ e planejamento de infraestrutura verde em cidades.

A ferramenta também interessa a organizações que trabalham com prevenção e resposta a desastres naturais. O Centro Aeroespacial Alemão (DLR) já avalia o uso do atlas como parte da Carta Internacional sobre Espaço e Grandes Desastres, segundo a TUM.

Com informações tridimensionais de cada edifício, autoridades conseguem avaliar com mais rapidez os riscos associados a enchentes, terremotos ou deslizamentos, identificando áreas vulneráveis e populações em situação de risco.

Toda a base de dados está disponível gratuitamente via GitHub e mediaTUM, o servidor de publicação da universidade. A decisão de manter o projeto como dados abertos segue uma tendência crescente na comunidade científica, que prioriza transparência e colaboração em pesquisas de grande escala.

Fonte: Época Negócios

 

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