Da redação, Joângelo Custódio
Quem passou pelo Centro Comercial de Aracaju nesta quarta-feira (23), antevéspera de Natal, teve que se conformar com o empurra-empurra, o calor e a disputa por um metro quadrado dentro das lojas. Tanto martírio tinha um objetivo: caçar as etiquetas rabiscadas em vermelho, anunciando 'desconto'.
Na ausência da promoção, o jeito foi pechinchar. Valia tudo para conseguir o melhor preço. Em tempos de salários atrasados e parcelamento do décimo terceiro, os consumidores saíram de casa mais sagazes: com um olho no bolso e o outro na crise.
O aposentado Alcebíades Fortuna, por exemplo, foi ao comércio hoje apenas pesquisar. Apesar da riqueza do sobrenome, ele brinca e diz que este ano está mais para um “primo modesto”. “É bom rodar as lojas e comprar algo mais barato. Em tempos de crise, não é bom gastar o salário, que já é pouco, todo”, afirmou rindo.
A dona de casa Bernadete Santana também está à procura de preço baixo. Ela disse que tem quatro pessoas na família para comprar o presente, mas este ano o dito-cujo pode se transformar em lembrancinha. “As coisas estão difíceis. Os lojistas devem baratear mais, ou darem descontos à vista. Se eu não conseguir algo mais em conta, vou ter que optar por produtos de preços menores, que caibam no bolso. O certo é que não vou deixar de comprar”.
Adaptação
E é justamente em cima dessa afirmação de Bernadete, compartilhada por milhares de consumidores, que os lojistas apostam. Se há desequilíbrio na roda da economia, o jeito é adaptar-se ao cenário para não deixar de vender, como explica o proprietário de uma loja de artigos femininos no Centro da capital, que não quis se identificar. “Nós precisamos atrair os consumidores neste final de ano tão tenebroso para a economia brasileira. O jeito é negociar com ele, atrai-lo para o melhor preço. Tem muita gente que vem em busca de roupas mais em conta. São essas pessoas que estou de olho”.
Otimismo
E quando se fala nas compras de final de ano, da tradicional troca de presentes no Dia de Natal, fica difícil acreditar que o comércio terá retração nos últimos dias do ano de 2015. E quem ratifica essa afirmativa é o próprio presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Aracaju, Breno Barreto.
Segundo ele, o comércio deverá apresentar aumento nas vendas entre 7% e 8%, não muito brilhante, em virtude do atual contexto econômico pelo qual o país atravessa.
“Temos boas perspectivas, sim, para as compras do fim do ano. Natal é uma época tradicional para os comerciantes, que vendem muito, porque há consumidores motivados pela essência do Natal. É claro que haverá timidez na procura, mas o consumidor não vai deixar de comprar, mesmo que seja uma lembrancinha. Esperamos crescer entre sete e oito por cento”, reafirma Breno, com ar de confiança.
Horários
Breno lembrou ainda que hoje (23), o Comércio fica aberto até às 22h. Amanhã (24) e (31), respectivamente vésperas de Natal e Ano Novo, o centro ficará de portas abertas das 8h às 17h. O horário de shoppings será até às 23h hoje. Amanhã, até às 18h.