ARACAJU/SE, 20 de abril de 2024 , 5:22:14

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Surge um novo ciclo para o empreendimento hoteleiro da capital sergipana

Independente da pandemia, após o sexto mês da posse do Hotel Radisson, o seu investidor, professor José Wilson, resolveu assumir uma postura radical para garantir um novo ciclo para o empreendimento com a suspensão do contrato de administração junto à Atlântica Hotels,  gestora da marca Radisson até 5 de junho de 2020, passando a receber uma marca própria: Vidam Hotel Aracaju.

O investidor entendeu ser o melhor momento para execução do Plano de Investimentos, contemplando além da ampliação das instalações nos próximos seis meses. Como a execução do plano só seria possível com o hotel inoperante em todos os segmentos, os 86 funcionários tiveram seus contratos de trabalho rescindidos com possibilidade de retorno proporcional à ocupação do hotel no início do novo ciclo, previsto para 15 de dezembro, com as inovações necessárias, quando apresentará um novo conceito de ambiente para eventos, negócios e hospedagem com acolhimento humano, personalização, segurança e muita empatia.

Os investimentos para a reforma trarão o máximo de conforto para os clientes, além da ampliação das instalações, com um novo restaurante temático, rooftop, um megaterraço, onde funcionará como restaurante, lounge,  para eventos sociais e de negócios, contemplando as belezas do Oceano Atlântico, em sintonia total com a natureza. Os espaços de eventos, além de aberturas nos auditórios para entrada de ar, ampliação do foyer, jardim de inverno e adequações que atendam aos protocolos pela segurança e saúde dos usuários, vários espaços bussines para negócios e startups serão acrescentados ao empreendimento. O último piso será transformado num espaço VIP, com suíte presidencial, suítes temáticas para atendimento às famílias em celebrações especiais, inclusive programações de casamentos. Toda estrutura do hotel será transformada na perspectiva de requinte, segurança e conforto, inspirados em grandes hotéis internacionais. Vale esperar para conferir. 

A partir do dia 15 de julho, as agências de turismo e a equipe de vendas do hotel já abrirão vendas para os pacotes de réveillon e carnaval, atendendo a procura que já existe pelos tradicionais clientes do hotel. Se na entrada de 2020 como Radisson fizeram bem e diferente, na entrada de 2021, como Vidam Hotel Aracaju, deverão fazer muito melhor por ser diferente, pois se ainda não for permitida a concentração na área da piscina, ocorrerá o “Réveillon nas Sacadas”, com serviços exclusivos às famílias sem precisar sair dos apartamentos, de onde poderão visualizar o cenário e atrações no espaço da piscina. Há sempre o que ser feito com a criatividade que o tema exige. 

O contrato de reforma e ampliação já está praticamente definido com a construtora para início assim que for liberada a abertura da construção civil em Aracaju.  

AJN1: Como empresário, como o senhor avalia as ações de enfrentamento às consequências da pandemia do novo Coronavírus que têm sido adotadas pelos governos municipal, estadual e federal na área econômica?

Prof. José Wilson: Percebo que os governos foram surpreendidos com a pandemia, como todo o mundo, exigindo habilidades para administrarem o desconhecido, e como toda medida impositiva gera desconforto, em alguns casos chegarem a conflitos, sejam de natureza econômica, social, de proteção à saúde e até politica, quando houve ausência de equilíbrio que contornasse os interesses das classes envolvidas. Se a população tivesse um nível de consciência mais elevado, os conflitos seriam reduzidos com o cumprimento de protocolos em defesa da saúde. Até que a vacina seja disponibilizada, o vírus vai continuar ativo e a população, em todos os segmentos, vai construir a maturidade para a convivência evitando a contaminação. Vejo eficácia nas medidas de isolamento somente para evitar o colapso no sistema de saúde, que tem sido relevante em quase todo o país. 

AJN1: O senhor acha que o empresariado ainda tem fôlego para mais dois, três, quatro meses parado?

Prof. José Wilson: Não é fácil avaliar o todo. Sabe-se, porém, que uma empresa sem receitas, mesmo que disponha de um bom saldo de caixa, a depender do seu potencial, poderá chegar ao fracasso independente da natureza do negócio, se indústria, serviços ou comércio. Uma empresa sem receitas, mesmo com a produção suspensa, tem obrigações com o pagamento de seus funcionários. Aquelas que perceberam cedo que o retorno à normalidade seria superior a três meses e demitiram os funcionários têm maior chance de sobrevivência após a sua reabertura, considerando que a legislação trabalhista é muito dura com o empresário, pois não há ponderação. As obrigações sempre da empresa e os direitos sempre dos trabalhadores, mesmo que o último real do caixa seja para pagar encargos trabalhistas. Considero, também, que a demissão no início da crise refletiu melhor na vida do empregado, quando comparado à continuidade no emprego em empresas com dificuldades de pagar os salários por falta de caixa. A incerteza gera muito desconforto para o ser humano. A demissão favorece o empregado com as verbas rescisórias e sinaliza a necessidade de procura por novas oportunidades, mesmo que seja na informalidade.

AJN1: Em sua visão, o que precisa ser feito para salvar empregadores e empregados?

Prof. José Wilson: Cada empresa precisa reinventar sua história. Fazer o que nunca nem ninguém fez. O empresário, na condição de líder empreendedor, deve transferir energia positiva para sua equipe, esquecer as lamentações, assumir uma postura de humildade para aprender a aprender com os cases de sucesso, aprender a fazer com diferenciais o seu produto, entender que as incertezas fazem parte do novo mundo normal, acreditar em si e na sua equipe  e abraçar a missão da sua empresa como um desafio. Todos nós nos colocamos em posição de igualdade quando se trata das dificuldades. Precisamos correr atrás do tempo perdido. 

AJN1: O senhor está no ramo de hotelaria. O setor fechou as portas num primeiro momento, mas depois foi permitido o funcionamento. Isso ajudou? Houve ocupação suficiente para suprir, pelo menos, as despesas?

Prof. José Wilson: O Hotel Radisson permaneceu fechado após liberação do Governo Estadual por dois motivos. Já existia o projeto de melhoria com ampliação das instalações. Também, acredito que a abertura dos hotéis enquanto houver isolamento social deve ocorrer somente para atender situações esporádicas, pois a procura está sendo muito reduzida. Mesmo após a abertura dos setores produtivos da economia levaremos um bom tempo para restabelecer a ocupação praticada em 2019. De forma particular, penso que aqueles que puderem esperar pela reabertura nos próximos meses estão contribuindo para uma melhor ocupação daqueles hotéis  abertos sem dividir muito os clientes.

AJN1: O senhor acaba de anunciar que deixará a bandeira Radisson e passará a adotar marca própria. De alguma forma, essa decisão tem relação com o atual momento que estamos passando?

Prof. José Wilson: Não. Quando resolvi investir na compra do Radisson, administrado pela Atlântica Hotels, ao analisar os números, a dinâmica de funcionamento e o que poderia ser feito nas luxuosas e bem localizadas instalações do hotel, sabia que se não pudesse intervir na administração para implantar o meu estilo inovador e dinâmico de fazer gestão, além dos padrões estabelecidos pela bandeira, que é natural e necessário, num curto espaço de tempo suspenderia o contrato. Vale ressaltar o nível de qualidade da administração, refletida na conduta profissional da equipe que encontrei à frente do Radisson. Do gerente, a equipe de vendas aos demais níveis de colaboradores, que sempre contaram com a minha admiração e respeito, inclusive dos clientes, conforme avalição em vários canais de comunicação com o cliente. O Radisson sempre foi percebido como um hotel de altíssima qualidade. Por isso o compromisso do Vidam Hotel Aracaju ser referência para o Brasil como hotel de lazer e negócios.

AJN1: Como o senhor enxerga a situação atual do dono de hotel em Sergipe. Dá para estimar o prejuízo já acumulado?

Prof. José Wilson: Não tenho dados precisos, mas pela experiência, acredito que para cada mês com o hotel fechado, considerando apenas os custos com os contratos entre fornecedores, inclusive taxas públicas e funcionários, o hotel vai precisar no mínimo quatro meses de receitas, com ocupação média compatível ao ano de 2019. Acreditando que, se ficamos quase dois meses fechados e mais o período com baixa ocupação levaremos 2 anos para recuperação das perdas. Aqueles que agiram com estratégias mais econômicas desde o inicio da pandemia vão se recuperar em menos tempo. A ajuda dos governos nessa fase somada à criatividade e comprometimento de cada investidor certamente reduzirá de forma significativa o tempo para recuperação da saúde financeira dos hotéis. 

AJN1: Em 2 de dezembro de 2019 o senhor foi apresentado como novo investidor do Radisson, inclusive, na ocasião, demonstrou bastante entusiasmo pelo turismo sergipano e chegou a falar em somar esforços no sentido de impulsionar ainda mais o turismo. O senhor mantém esse entusiasmo? O que precisa ser feito para impulsionar o turismo no estado?

Prof. José Wilson: Corroboro com o seu pensamento de que sou movido pelo entusiasmo em tudo que me disponho a fazer e acrescento que administro com a mente nas nuvens e os pés em solo firme. O momento me favoreceu, em parte, quando por forca da pandemia fomos obrigados a fechar o hotel, oportunidade para antecipar a rescisão com a Atlântica, as reformas e ampliação das instalações nos próximos 6 meses, sem o incômodo a ser gerado a clientes, funcionários e atender aos padrões da administradora. Não seria tarefa fácil realizar uma reforma em hotel com hóspedes na casa. 

Sobre o futuro do turismo em Sergipe, renovei o meu entusiasmo ao perceber que as tendências nos favorecem. Assim que a sociedade adquirir maturidade para convivência com o vírus e com os protocolos de segurança, a saúde no “mundo novo normal”,  de forma natural,  vai impulsionar a participação em programas turísticos que transferirão segurança em ambientes que favoreçam o contato com a natureza. Sabemos que Sergipe tem muito a oferecer. No mundo dos negócios, em se tratando de eventos, teremos uma queda significativa nessa fase de transição, tendo em vista que os ambientes digitais vão ser mais explorados, reduzindo em parte os deslocamentos. Entretanto, o homem vai usar a máquina como uma ferramenta produtiva, mas a sua essência está para a interação com o humano, com seus pares. Cabe ao segmento turístico criar situações inovadoras para atrair as pessoas que apreciam a vida. Temos exemplos muito próximos que nos fazem entender que tudo voltará à normalidade, se analisarmos a conduta das pessoas de não ficarem em casa nem por força de decreto e com o poder de polícia no momento de maior risco para a vida. 

AJN1: Como o senhor acha que deve ser o comportamento do empresário pós-pandemia?

Prof. José Wilson: Investir o máximo em sua formação profissional e empresarial com o propósito de entender como se comportará a sociedade em sua totalidade; quais os desejos e necessidades das pessoas do novo mundo, certamente muito diferentes do ontem e do hoje. Eu estudo, no mínimo 12 horas por dia, nessa fase de isolamento, e só visualizo possibilidades. Queria estar com os meus 18 anos. O empresário empreender, com liderança e firmeza a cada evento, por maior que seja e do que seja, positivo ou negativo, ele enxerga oportunidades de negócios e desejo de ajudar as pessoas. Esse é um texto para saber se você é um empreendedor. Aqueles que sentem desejo de dormir e acordar após a solução para o problema deverá abandonar a liderança de sua empresa e assumir uma posição de dependência, pois não prosperará. 

AJN1: O senhor é um empreendedor nato e, como tal, deve estar traçando estratégias para o futuro. O que o senhor tem feito para sobreviver a este momento e como espera agir quando tudo isso passar?

Prof. José Wilson: Procuro manter a calma para entender os fenômenos que tenham relação com o momento econômico e com os problemas sociais, principalmente as questões que vêm afetando a vida das pessoas. Não é fácil saber que seu país chegou a perder mais de 1.200 pessoas por dia em uma pandemia e que, no silêncio das noites, o número de mortes por acidente no trânsito se aproxima desses índices, assustadores. Também não é fácil entender que temos no Brasil um significativo número de analfabetos funcionais e que os jovens não estão sendo preparados pelas escolas para enfrentarem os desafios de um mundo complexo e excludente para os menos capazes. O mundo será dominado por uma elite pensante. Os demais viverão numa vala comum com os recursos de governo para garantia da sobrevida. Isso tudo nos assusta. Penso que devo fazer a minha parte, sempre pautado nos princípios do bem, da ética, pois o resultado desse projeto vai refletir na vida de outras pessoas e da sociedade. 

Após uma trajetória de 38 anos à frente de um projeto de Educação Básica e Superior, o que me levou à posição que ocupo hoje, pretendo continuar estudando e construindo inovações para a Educação Básica, mesmo que não operacionalize tudo que acredito, ampliar os investimentos em agronegócios por apresentar retorno rápido, menos estressante e com uma forte tendência de negócios rentáveis para o Brasil. No turismo tenho mais projetos do que tempo e capacidade financeira para realizar. Além do projeto ousado, por ser inovador, do Vidam Hotel Aracaju, a marca que vai substituir o Radisson, pretendo criar um novo destino para o  Turismo Rural em Sergipe, com a transformação da Fazenda Engenho Escurial, a 17 km de Aracaju, no município de São Cristóvão, pela BR-101. A depender do que inspirar o “mundo novo normal”, de como o turismo reagirá nos próximos anos, o novo destino será mais um motivo de orgulho para os sergipanos, a exemplo da Fazenda Boa Luz. Pretendemos investir em gastronomia, eventos sociais, agronegócios e, principalmente, em lazer de forma que ocupe a extensa área do pesque-pague, entre trilhas ao desejado Parque de Aventuras, quando passaria a ser denominada de Fazenda Park Aracaju.

AJN1: Qual mensagem o senhor quer deixar para seus colegas empresários e para a sociedade?

Prof. José Wilson: Que apesar do mundo conviver com as incertezas em relação ao futuro, aqueles que agirem com firmeza de propósito e capacidade para empreender terão a oportunidade de superarem as dificuldades, independente da sua dimensão. Devemos conviver e somar as pessoas otimistas e de sucesso, visando concentrar as melhores energias para os negócios e para a vida. O momento é de dificuldades, mas também de oportunidades. É preciso saber conviver, entender e definir as melhores estratégias de superação.

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