ARACAJU/SE, 11 de dezembro de 2023 , 5:25:11

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Uso da internet faz crescer casos de exploração sexual infanto-juvenil

Por Cláudia Lemos

O uso da internet fez crescer os número de casos de exploração sexual infanto-juvenil. Em Sergipe, de acordo com a delegada Josefa Valéria, do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), a exploração continua ocorrendo presencialmente, mas aumentou muito o número de casos que ocorrem via redes sociais. A delegada orienta aos pais e responsáveis que fiquem atentos à mudanças de comportamento e pede que toda a sociedade esteja engajada no combate a este tipo de crime: família,  escola, vizinhos e até pessoas estranhas que presenciarem ou tomarem conhecimento de fato criminosa. “Todos devem denunciar imediatamente, a fim de que o agressor seja responsabilizado e que aquela vítima seja retirada da situação de risco”, defende. De acordo com Josefa Valéria, qualquer violação de direitos em face de crianças e adolescentes pode ser denunciada ao Conselho Tutelar, à polícia civil, ao Ministério Público. Há, ainda, os canais de denúncia anônima, 181 da Polícia Civil e 180 do governo federal. Em caso de flagrante, em que o crime tenha acabado de acontecer, a polícia militar também pode ser acionada pelo 190.

 

Correio de Sergipe – Qual o panorama da exploração sexual infanto-juvenil em Sergipe?

Josefa Valéria – Em Sergipe há inúmeros casos de exploração sexual infato-juvenil, gerando diversos inquéritos policiais e prisões. A exploração tem ocorrido presencialmente mas aumentou muito o número de casos que ocorrem via redes sociais.

 

CS – Existe um perfil do abusador. Quem são?

JV – Não existe um perfil definido de abusador. Normalmente são pessoas acima de qualquer suspeita. A maioria dos abusadores é pessoa próxima da família da vítima ou pessoas  de profissão que permite o contato com crianças. Geralmente, se aproveitam da confiança que a vítima deposita neles para cometer os crimes.

 

CS – E quanto as vítimas. Existe um perfil predominante?

JV – Também não existe um perfil específico, há casos de abuso desde com crianças bem pequenas como com adolescentes. Na grande maioria dos casos a vítima é menina, mas temos também casos com meninos.

 

CS – Como identificar sinais de que crianças e adolescentes estão sendo vitimas deste tipo de violência?

JV – Observamos que o abuso sexual gera uma trauma nas vítimas, que reagem de diversas formas. Algumas mudam o comportamento, se retraem, aparentam nervosismo e ansiedade. Outras sofrem uma queda repentina no rendimento escolar, se isolam dos amigos. A orientação é que qualquer mudança de comportamento seja bem avaliada.

 

CS – Qual a diferença entre exploração e abuso sexual?

JV – Normalmente chamamos de exploração a conduta que introduz a criança/adolescente na prostituição. Já o abuso, ocorre quando há violência sexual contra a vítima.

 

CS – Como pais e responsáveis podem agir para orientar contra a violência sexual?

JV – Sempre dialogando com os filhos, ensinando a não permitir toques em seu corpo e a sempre denunciar. É importante que os pais acreditem sempre na palavra de seus filhos e a qualquer suspeita procurem as autoridades.

 

CS – Pode-se dizer que há fatores que contribuem para a prática desse crime?

JV – O medo da repercussão dentro do seio familiar, a falta de confiança na palavra das crianças, a sensação de impunidade são fatores que muitas vezes impedem a denúncia. Muitos abusadores cometem diversos crimes dentro da própria família e só depois de anos uma das vítimas consegue denunciar.

 

CS –  Qual o impacto das novas mídias para o aumento da violência sexual infanto-juvenil?

JV – O acesso livre à internet tem causado aumento dos crimes sexuais através do ambiente virtual. Muitos pais acreditam que por estarem trancados no quarto, seus filhos estão livres da violência, quando na verdade os abusadores se aproveitam para ganhar confiança das crianças e praticar diversos crimes.

 

CS – A senhora vê conexão entre a cultura do abusador e a cultura machista da sociedade?

JV – Sem dúvida a violência sexual contra meninas está permeada pela cultura machista de nossa sociedade, em que a mulher é tida como propriedade e como objeto pronto a servir aos homens.

 

CS – Como denunciar esse tipo de crime?

JV – Qualquer violação de direitos em face de crianças e adolescentes pode ser denunciada ao Conselho Tutelar, à polícia civil, ao Ministério Público. Temos ainda os canais de denúncia anônima, 181 da Polícia Civil e 180 do governo federal. Em caso de flagrante, em que o crime tenha acabado de acontecer, a polícia militar também pode ser acionada pelo 190.

 

CS  -Qual impacto deste tipo de crime na vida de crianças e adolescentes?

JV – As vítimas e violência sexual vão precisar de acompanhamento psicológico por conta do trauma a que foram submetidas. É preciso ter ainda o apoio da família para que o trauma possa ser superado.

 

CS – Quem mensagem a senhora pode deixar para a sociedade?

JV – Com o aumento dos casos de violência sexual é importante que toda sociedade esteja engajada no combate. A família, a escola, os vizinhos e até pessoas estranhas que presenciarem ou tomarem conhecimento de fato criminosa devem denunciar imediatamente, para que o agressor seja responsabilizado e que aquela vítima seja retirada da situação de risco.

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