O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou nesta segunda-feira (26), durante reunião de monitoramento dos efeitos da vazão reduzida promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília, a autorização da redução do nível atual da vazão do rio São Francisco a partir do reservatório de Sobradinho (BA) de 800 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 700 m³/s, com controles rigorosos. A medida começará a ser aplicada a partir do dia 10 de outubro.
Diante das exigências do Ibama para aplicação de controles rigorosos dos efeitos da vazão, o superintendente da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), João Henrique Franklin, explicou que deverá ser aplicada a redução gradual, para 750 m³/s, a partir de 10 de outubro, e para 700 m3/s, uma semana depois, caso não haja grandes alterações na bacia.
O presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo, argumentou que quando se tratar de comunidades pequenas, a Defesa Civil disponibilizará meios alternativos de abastecimento, a exemplo do caminhão-pipa. Andreu também sugeriu reuniões semanais para avaliar os impactos da vazão reduzida, sempre realizadas na sede da agência federal, em Brasília, e transmitidas por videoconferência.
De acordo com o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, os principais impactos da redução em Sergipe é relacionado ao abastecimento de água.
“O impacto principal e imediato seria com a Deso, já que tinha informado que não estaria apta a captar água nesse volume. Também tem o problema no abastecimento referente à salinização. Em Brejo Grande e Ilha das Flores estão sofrendo porque a água dório está salobra. Os perímetros irrigados também serão prejudicados, bem como a navegação, como da balsa que faz a linha Neópolis-Penedo”, informou Maciel Oliveira.
A equipe do Correio de Sergipe procurou à Deso para falar sobre o assunto, mas de acordo com a assessoria de comunicação da Deso, a Companhia só vai se pronunciar oficialmente depois de análises.
Contrário
O secretário de Recursos Hídricos de Pernambuco, Almir Cirilo, manifestou-se contrário à medida. Considerando o nível do reservatório de Itaparica, o secretário aponta prejuízos para o abastecimento humano. “Não vemos nenhuma vantagem operacional e irá provocar insegurança para a captação de água em vários municípios do Sertão pernambucano”, opinou.
Ainda conforme Cirilo, a redução da vazão vai provocar o rebaixamento do reservatório de Itaparica em 1,25 metro, visto que o sistema é interligado. Apesar da medida, a diretora do Ibama, Rose Hofmann, alertou que não fica descartada a utilização do volume morto em Sobradinho para geração de energia. Segundo ela, tudo irá depender dos impactos provocados pela medida.
