A oceanógrafa brasileira Letícia Carvalho foi eleita, nessa sexta-feira (2), ao cargo de secretária-geral da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês) para o mandato 2025-2028. A brasileira recebeu 79 votos de um total de 113 e será a primeira mulher, cientista e latino-americana a ocupar o cargo. A entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) é responsável por regulamentar atividades em alto-mar, e, entre os assuntos mais controversos da agenda, está a mineração em alto-mar.
Atualmente, Letícia ocupa o cargo de coordenadora principal do Ramo Marinho e de Água Doce do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), em Nairóbi, no Quênia.
Nas redes sociais, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, parabenizou a brasileira pela eleição. “Mais uma demonstração de que o Brasil está de volta para participar dos grandes debates no mundo”, comentou.
A brasileira disputou o cargo em um cenário em que o atual secretário-geral da ISA, o advogado britânico Michael Lodge, enfrenta críticas em relação à sua gestão à frente da instituição. Ele tem sido acusado de ter vínculos próximos com empresas de mineração, em um momento em que a indústria intensifica a pressão para que a ISA permita a exploração mineral em águas profundas.
Além disso, a reeleição de Lodge contrariava várias tradições estabelecidas na ISA. Primeiro, sua candidatura atual foi patrocinada por Kiribati, um país com pouco mais de 300 mil habitantes localizado no Pacífico Sul, e não pelo Reino Unido, seu país de origem, como é costume.
Outro fator que dificultava a reeleição do britânico é a prática rotativa na liderança da ISA, que prevê a alternância de grupos regionais no comando da agência. Neste ano, seria a vez da América Latina e do Caribe assumirem a liderança.
Letícia também contou com o apoio de ambientalistas, que a veem como uma voz moderada para liderar a organização. Em julho, ela se reuniu com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Após o encontro, a ministra ressaltou a ampla experiência de Letícia na área e sua sólida carreira como oceanógrafa. Além de ser gestora pública, Letícia acumula mais de 26 anos de experiência em governança dos oceanos e em negociações multilaterais sobre desenvolvimento sustentável.
“Estamos torcendo para que o posto seja ocupado por essa brasileira tão capacitada e comprometida com o meio ambiente”, comentou Marina.
Fonte: R7