Da redação, AJN1
A Agência Jornal de Notícias (AJN1) finaliza hoje (29), a série de entrevistas com os candidatos ao cargo de prefeito de Aracaju, contribuindo com a pluralização de informações e fortalecendo a democracia. Quem responde aos questionamentos é o dr. Emerson (Rede), de 63 anos, que é vereador e se lança pela primeira como postulante ao Executivo Municipal.
Médico por formação, o candidato lançou sua campanha pela Rede-Sustentabilidade. Também compõe a chapa o candidato a vice-prefeito e advogado Caio César. Confira:
AJN1 – O seu partido, a Rede Sustentabilidade, legenda criada há um ano pela ex-ministra Marina Silva, ainda não conseguiu se apresentar para o eleitor como uma terceira via diante da polarização entre PT, PSDB e PMDB. Em quase todas as capitais onde a Rede disputa a prefeitura, apresenta, até agora, uma performance minguada. A que ponto isso pode interferir na sua candidatura? O senhor acredita numa possível disputa no segundo turno?
Dr. Emerson – Inicialmente faço alguns questionamentos quanto ao que me foi perguntado. O pragmatismo dos que fazem os partidos brasileiros é tão grande, que somos questionados se conseguimos nos apresentar como uma terceira via entre PT, PSDB e PMDB. Nesse cenário, cabe perguntar, qual é a via do PMDB? A do PT ou a do PSDB? Ou a do oportunismo para se manter ao lado de quem estiver no poder? Enquanto Rede Sustentabilidade, temos compromisso com a construção de uma nova política, dialogando permanentemente com a sociedade, sem a preocupação de nos constituirmos uma via alternativa à disputa do poder pelo poder. Quanto à performance minguada baseada em pesquisas, é fato que muitas pesquisas eleitorais em nosso país servem para explicar a diferença que existe entre inferência e interferência. Quando se tenta manipular a população despolitizada, com a tese do voto útil. Nós continuamos acreditando e respeitando a soberania da população. A grande e verdadeira pesquisa acontecerá no próximo domingo, dia dois, quando saberemos quem irá para o segundo turno.
AJN1 – A “sustentabilidade” é a marca do seu partido, pauta atual e amplamente discutida em todo o mundo. Se for eleito, quais os principais projetos voltados para fazer de Aracaju uma capital com qualidade de vida e mais sustentável?
DE – Inicialmente precisamos definir a sustentabilidade que propomos e defendemos, enquanto modelo de desenvolvimento. Ou seja, propomos um desenvolvimento que satisfaça às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas necessidades. Ou seja, uma cidade com qualidade de vida é uma cidade sustentável, uma cidade com padrões de consumo sustentáveis. E aqui falamos não apenas da sustentabilidade ambiental, mas da sustentabilidade, econômica, social, cultural, ética, política e estética. Portanto, apresentamos à sociedade aracajuana um programa de governo colaborativo, que estabelece uma gestão democrática, transparente, submetida ao controle social e à participação popular através de Conselhos de Direitos. Uma proposta que prioriza a educação como alavanca libertadora para a sociedade, através de uma escola em tempo integral e com educação de qualidade. Um modelo de desenvolvimento que tem como prioridade a dignidade da vida e, como meta, a equidade e a justiça social, com saúde, cultura, lazer, segurança e moradia de qualidade para todos.
AJN1 – Com o país atolado numa crise econômica aguda e piorada pela própria classe política, com um Estado quebrado e raspando o tacho para pagar seus servidores, o que fazer para administrar Aracaju de forma decente, em meio ao “breu da crise”, já que o governo Federal sinalizou que não tem o que fazer para ajudar os entes federativos? Quem assumir a prefeitura em 2017 corre o risco de fazer uma das piores administrações ou cometer, inclusive, um estelionato eleitoral, por prometer ilusões?
DE – Analisamos o orçamento dos últimos governos e todos trabalham com uma baixa capacidade de investimentos. Atualmente correspondente a uma faixa de 2 a 4% do orçamento. Ao buscarmos as causas dessa baixa capacidade de investimentos, encontramos, entre outros fatores, a prática do loteamento dos cargos públicos e a partidarização da gestão pública, comprometendo significativa parcela desse orçamento. Atualmente a prefeitura de Aracaju tem cerca de três mil cargos comissionados, dos quais, mais de trezentos lotados no gabinete do Prefeito. Cargos esses ocupados por critérios políticos e, em conseqüência, muitas vezes entregues a pessoas sem a necessária competência para o exercício do cargo, isso quando comparece para trabalhar. Esse vício é comum a todos os grandes grupos políticos que assumiram a gestão pública nos últimos trinta anos no Estado de Sergipe e no município de Aracaju. Portanto, quem ganha eleições com coligações pragmáticas jamais será solução para os problemas sociais e urbanos.
AJN1 – O vereador e médico disputa pela primeira vez a prefeitura de Aracaju. Por que o senhor quer ser prefeito? O que o senhor tem a oferecer ao eleitor e o que o diferencia dos outros?
DE – O povo de Aracaju precisa construir a possibilidade de uma gestão comprometida com a sociedade e não com a disputa do poder. Precisa se libertar de um modelo político no qual os donos dos partidos controlam o Estado e o poder econômico especulativo e corruptor controla os partidos políticos. Essa é a grande diferença da nossa candidatura. Nós não temos compromissos com financiadores de campanha. A propósito, recomendamos uma leitura no “site” do TRE, da prestação de contas dos candidatos a prefeito, analisando os respectivos doadores. Isso nos permitirá uma dedução se os compromissos foram assumidos com o povo, conforme prometem, ou com os financiadores. Adicionalmente, nós procuramos estabelecer uma coligação com o povo e não uma coligação pragmática com partidos, pactuada no loteamento dos cargos públicos. Não podemos esperar que os caciques políticos mudem essa prática. Portanto, ou a população muda a sua relação com a política, e muda os políticos, ou não teremos soluções para os nossos problemas. Domingo teremos uma oportunidade de darmos o troco, de darmos uma lição aos que só prometem e quase nunca cumprem.