Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff fez, nesta tarde, um pronunciamento em que se disse inconformada e indignada com a notícia de um suposto acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e contestou as informações sobre o que teria dito o parlamentar nos depoimentos. Dilma afirmou que é "absolutamente subjetiva e insidiosa a fala do senador, se ela foi feita", e considerou descabidos alguns fatos relatados por Delcídio, segundo a revista IstoÉ.
Dilma convocou a imprensa para fazer uma forte defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos alvos da 24ª etapa da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (4). No pronunciamento, a presidenta refirmou o teor de nota publicada na tarde de hoje, manifestando "absoluto inconformismo" com a condução coercitiva do ex-presidente e classificando de "desnecessária" a medida.
Pelo menos três citações da revista IstoÉ sobre o suposto depoimento de Delcídio no âmbito da Lava Jato foram contestadas pela presidenta. Dilma negou ter conversado com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, na tentativa de "mudar os rumos" da Lava Jato. Disse que os esclarecimentos sobre a compra da Refinaria de Pasadena pela Petrobras, em 2014, já foram devidamente prestados, embasados em documentação do Conselho de Administração da Petrobras, e que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou o arquivamento da investigação.
A presidenta considerou "lamentável" a ocorrência do vazamento ilegal de uma hipotética delação premiada, que, se foi feita, teve como motivo único a tentativa de atingir sua pessoa e seu governo. "Provavelmente, pelo imoral e mesquinho desejo de vingança e de retaliação de quem não defendeu quem não poderia ser defendido pelos atos que praticou", ressaltou.
Ela disse também que não pediu ao senador petista para conversar com juristas antes de indicá-los ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o objetivo de convencê-los a votar a favor do governo. Dilma declarou ter nomeado três ministros na turma do STJ a que teria se referido o senador, dos quais apenas um votou favoravelmente a seu governo.