Por Cláudia Lemos
Redação Correio de Sergipe
Aracaju foi uma das quatro capitais nordestinas escolhidas para a realização do estudo Previne – Prevalência, Fatores de Risco, Índices de Codetecção e Sazonalidade de Vírus Respiratórios em Crianças com Infecções no Trato Respiratório Inferior do NE do Brasil, inédito na região, e que mapeou os vírus mais frequentes nas infecções respiratórias em bebês.
De acordo com o estudo, o VRS – Vírus Sincicial Respiratório, é o mais prevalente, estando presente em média em 40,2% dos casos de hospitalização de crianças até dois anos por problemas respiratórios. O perigo é maior para bebês prematuros e com displasia broncopulmonar e cardiopatias.
A boa notícia é que a capital sergipana está ao redor da média nacional nos indicadores de saúde, estando em melhor condição que capitais mais pobres do país e sempre acima da média do Nordeste. O estudo foi coordenado pelo pediatra e professor Associado do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe, Ricardo Gurgel. Embora tenha sido realizado entre abril de 2012 e março de 2013 o resultado foi apresentado em São Paulo no último dia 20.
“Este é um estudo bastante importante, que corrobora o que temos visto na prática – a alta incidência de VSR também no Nordeste, num padrão bastante específico, com início em fevereiro. Seus resultados podem contribuir para adoção de medidas preventivas mais eficazes, isto é, antes do pico de circulação do vírus”, afirma Dr. Ricardo Gurgel.
O estudo, financiado pela AbbVie, companhia farmacêutica global, avaliou 507 crianças, com o objetivo de medir a prevalência do VSR e de outros sete vírus respiratórios em bebês de 0 a 24 meses no momento da internação, além de observar o período de circulação desses vírus e fatores de risco associados. A incidência está associada ao período de chuva.
Embora ainda não exista vacina, é possível prevenir com o medicamento Palivizumabe, indicado para aumentar a proteção de bebês prematuros contra a infecção pelo VRS. O medicamento, já adotado pelo Ministério da Saúde, apenas pode ser administrado por indicação médica, estando disponível na rede pública de saúde. Os pais devem ficar atentos aos fatores de risco para, em caso de necessidade, conversar com o médico a respeito.
Ricardo Gurgel alerta que as doenças respiratórias são as que mais matam prematuros no Brasil. No país a taxa de nascimento de prematuros é de 11,4%, o que representa 331 mil, sendo 14 mil muito prematuros.
Imunização
“A imunização contra o VSR, que faz parte das recomendações da SBIM – Sociedade Brasileira de Imunização, é oferecida pelo Sistema Único de Saúde para bebês prematuros nascidos com até 28 semanas de gestação, durante o primeiro ano de vida, assim como para bebês com displasia broncopulmonar e cardiopatias congênitas, até os dois anos de idade, como recomenda calendário de imunização específico, elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pela SBIM”, informa Dr. Renato Kfouri, Presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Mais sobre o VSR
O Vírus Sincicial Respiratório, ou VSR, é de caráter sazonal e geralmente circula nas estações de outono e inverno nos países de estações bem definidas, apesar de não estar relacionado a baixas temperaturas. Para bebês prematuros, pode causar infecções respiratórias graves, hospitalizações recorrentes, com necessidade de ventilação mecânica; em crianças acima de dois anos e adultos saudáveis, causa sintomas semelhantes aos de um simples resfriado, mas pode ser fatal em caso de bebês prematuros ou com fatores de risco associados.
Bronquiolite e pneumonia são sua suas formas frequentes de manifestação de infecção causada por VSR. A longo prazo, uma das suas consequências mais comuns é o chiado recorrente no peito, que pode perdurar até os 13 anos de idade. Não há tratamento específico para a infecção por VSR e, por isso, medidas profiláticas para evitar o contágio e a transmissão do vírus são essenciais.