ARACAJU/SE, 18 de setembro de 2024 , 12:30:56

Saiba como se proteger contra hepatites virais

 

Autoridades sanitárias e organizações não governamentais estão pedindo que as pessoas busquem exames para detectar hepatite, já que milhões de pessoas no mundo todo estão portando a doença sem saber.

A hepatite mata mais de um milhão de pessoas por ano — e o número está crescendo.

O que é hepatite e por que ela é tão mortal?

A hepatite é uma inflamação do fígado, geralmente causada por uma infecção viral. Pode provocar diversos problemas no fígado, inclusive câncer.

Existem cinco tipos de vírus, do A ao E. As hepatites B e C são as mais perigosas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,3 milhão de pessoas ao redor do mundo morrem de doença decorrentes da hepatite. Isso equivale a uma morte a cada 30 segundos.

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na Região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é raro.

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade da hepatite C pode ser comparada ao HIV e tuberculose.

O quão disseminada é a hepatite?

A OMS estima que 254 milhões de pessoas estão vivendo com hepatite B crônica e 50 milhões de pessoas têm hepatite C crônica. Há mais de dois milhões de casos novos a cada ano.

A hepatite B afeta:

– 97 milhões de pessoas na região da OMS chamada de Pacífico Ocidental (que inclui China, Japão e Australásia) estão infectadas de forma crônica;

– 65 milhões de pessoas na África;

– 61 milhões de pessoas na região da OMS chamada de Sudeste Asiático (que inclui Índia, Tailândia e Indonésia).

A OMS diz que a hepatite E infecta 20 milhões de pessoas por ano no mundo todo e provocou 44 mil mortes em 2015. Ela é mais comum no sul e no leste da Ásia.

Dados do ano passado no Brasil estimam que 520 mil pessoas tinham hepatite C, mas sem diagnóstico e tratamento. Até 2022, cerca de 150 mil pessoas já tinham sido diagnosticadas, tratadas e curadas da hepatite C, afirma o governo brasileiro.

No caso da hepatite B, a estimativa oficial é que quase 1 milhão de pessoas possuam o vírus no Brasil e, destas, 700 mil ainda não foram diagnosticadas. Até 2022, 264 mil pacientes tinham recebido diagnósticos com a doença e 41 mil estavam em tratamento — segundo dados do Ministério da Saúde.

Como se pega hepatite?

A hepatite A é pega ao comer ou beber alimentos e líquidos contaminados com fezes, ou através do contato direto com uma pessoa infectada.

É comum em países de renda média e baixa onde há condições sanitárias precárias.

Os sintomas desaparecem depois de pouco tempo, e quase todo mundo se recupera. Mas pode causar problemas renais fatais.

A hepatite A costuma surgir em epidemias em locais com comida e água contaminada, como aconteceu em Xangai, na China, em 1998, quando 300 mil pessoas foram infectadas.

A hepatite B costuma ser transmitida de mãe para filho, no parto; do contato de uma criança com outra; de seringas, agulhas, tatuagem, piercing ou exposição a sangue e líquidos corpóreos (como durante o sexo, por exemplo).

As hepatites C e D também são transmitidas através do contato com sangue infeccionado, como quando se compartilha agulhas e seringas, ou através da transfusão de sangue contaminado.

Só pessoas com hepatite B podem pegar hepatite B. Isso acontece com cerca de 5% das pessoas que têm infecção crônica com hepatite B, e faz com que a infecção seja muito intensa.

A hepatite E é transmitida através do consumo de água ou comida contaminadas. É mais comum no sul e leste da Ásia, e é especialmente perigosa para mulheres grávidas.

Como saber se tenho hepatite?

Os sintomas mais comuns são: febre, fadiga, perda de apetite, diarreia, náuseas, dor na região do estômago, fezes claras e urina escura, olhos amarelados.

Quais são os testes e tratamentos para hepatite?

É possível fazer exames de sangue para hepatite A, B e C.

Não existe um tratamento específico para hepatite A. Mas a maior parte das pessoas infectadas costuma se curar rapidamente e criar imunidade.

Hepatites B e C crônicas podem ser tratadas com antirretrovirais, que retardam a progreção da cirrose e as chances de se desenvolver câncer de fígado.

Há vacinas que previnem contra a hepatite A e B. Dada a bebês no nascimento, a vacina para hepatite B previne contra a doença ser transmitida pelas mães — e também protege contra a hepatite D.

Não existe vacina para hepatite C, e a vacina para a hepatite E não é amplamente distribuída.

Como é a prevenção para evitar pegar hepatite?

Segundo a OMS, a hepatite A pode ser evitada das seguintes formas:

– Lavar com frequência as mãos antes de refeições ou após o uso do banheiro;

– Fornecer água potável para comunidades;

– Tratamento adequado de esgotos em comunidades.

A OMS afirma que hepatites B, C e D podem ser evitadas:

– Com prática de sexo seguro, usando-se camisinhas, e reduzindo o número de parceiros sexuais;

– Evitando o compartilhamento de agulhas no uso de drogas, ou em tatuagens e piercings;

– No caso da hepatite B, lavando as mãos ao ter contato com sangue, líquidos corpóreos ou superfícies contaminadas;

– No caso da hepatite B, se vacinando. As vacinas tomadas na infância duram cerca de 20 anos.

A hepatite E é evitada com boas práticas de higiene e cozinhando carne de fígado por bastante tempo, especialmente fígado de porco.

O que as autoridades estão fazendo para eliminar a hepatite?

A OMS diz querer reduzir em 90% o número de pessoas que pegam hepatites B e C e em 65% o número de mortes até 2030.

Centenas de milhões de pessoas ainda têm dificuldades de testar para hepatite porque apenas 60% dos países ao redor do mundo oferecem exames gratuitos ou subsidiados e tratamento. Na África, a OMS afirma que apenas um terço dos países oferece testes assim.

Fonte: BBC News Brasil

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