ARACAJU/SE, 24 de abril de 2024 , 19:57:56

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A Luz-Cristo ilumina-nos

Neste domingo, a Igreja celebra a Solenidade da Epifania do Senhor, ou seja, a manifestação de Cristo como “Luz do mundo”, como designação da presença de Deus.

“Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor” (Is 60,1). Neste trecho do terceiro Isaías, há um anúncio de libertação, destinado aos que, na Babilônia, eram cativos, vivendo nas trevas da escravidão. Ora, na realidade, este texto não anuncia, apenas, uma libertação de um jugo físico, mas de uma libertação integral da humanidade. Tempos novos. Tempos iluminados pelo próprio Deus. É na Sua Luz que caminharão os povos, na alegria, pressurosos, tomam o caminho da eternidade, cuja figura é a cidade de Jerusalém. Num convite universal feito pelo próprio Deus, rumamos para Ele, na Sua Luz. E Isaías continua: “Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos e vê: todos se reuniram em vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços” (Is 60,3-4). Ou ainda o que São Paulo, escrevendo aos Efésios, dirá, esclarecendo-nos quem são esta totalidade: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 3,6).

Na visita dos magos ao Menino Jesus, seguindo um astro luminoso e misterioso, temos a demonstração da Luz que elege a todos (já que vão aqueles homens até Belém para deixarem-se envolver pelo fulgor do Menino). Antes, porém, passando em Jerusalém, obtêm de Herodes e dos seus versados a resposta que tanto ansiavam: a Luz que procuravam, cujo esplendor suplanta a da estrela oriental, está em Belém, com Maria. Herodes, que figura a escuridão, figurando, portanto, os inimigos Daquele que é “Luz da luz”, quer enganar os magos. Entretanto, aqueles homens de longínquas terras, no discernimento que a verdadeira Luz que adoraram lhes concedeu, foram “avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornando para a sua terra, seguindo outro caminho” (Mt 2,12). Os que são amigos da Luz, Jesus Cristo, iluminados, sabem discernir, por uma capacidade que lhes é infusa, o que é de Deus do que não é, e, assim, sabem ser conduzidos nesta vida pela fé, até chegarem, não a Jerusalém de Herodes, mas aquela da promessa, à contemplação da luminosa face divina, ao Céu.

Na sua visão mística, a Bem-aventurada Anna Catarina Emmerich narra o que sucedeu na gruta de Belém quando da visitação dos reis-magos, de como eles não quiseram que a visibilidade da verdadeira Luz ficasse apenas para si, mas que chegasse, também, a outros, para que fossem, igualmente, irradiados. Isso nos conta a pobre camponesa de Flamske: “Após os reis, entraram também os criados, aproximando-se, cinco a cinco, do presépio; ajoelharam-se em roda do Menino e adoraram-no em silêncio; finalmente, entraram também os pajens”. Percebam que, após terem ofertado as suas vidas e corações no oferecimento dos cofres de ouro, incenso e mirra, os reis-magos querem que os outros, diante do fulguroso Menino, façam o mesmo, dando-Lhe o que tem de melhor: a sua oração e o seu silêncio.

Que nós, baseando-nos nas revelações da Liturgia, do Evangelho e de Emmerich, de semelhante forma, apresentemos ao Sol nascido para toda a humanidade, ao que é o Oriente, o nosso interior, com tantos recônditos obscurecidos. Guiando-nos pela Estrela Oriental, nossa vida seja seta para outros que carecem de luz. Sejamos, portanto, iluminados, portadores da Luz-Cristo para os “que jazem nas trevas e nas sombras da morte” (Lc 1,70), para aqueles que, sem muita ou nenhuma esperança, ainda estão perdidos, debatendo-se nas mais diversas formas de escravidão de vida, sem a presença da liberdade concedida pelo esplendor de Jesus.