ARACAJU/SE, 23 de abril de 2024 , 5:28:34

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A prontidão para o Senhor

O Advento, tempo que iniciamos neste domingo, e com o qual principiamos um novo Ano Litúrgico, é marcadamente o tempo da esperança: esperamos Aquele que há de vir, daí o Adventus no seu termo latino. E muitíssimos são os sentimentos que preenchem o coração de quem espera. Também estes sentimentos invadem o coração do cristão que diz, como o Apocalipse de São João, com toda a Igreja: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,20).

Um dos sentimentos concernentes à expectativa é o da atenção. Um vigilante que descuida de estar atento, até da sua própria segurança, não é apto para aquilo que lhe foi proposto. Da mesma maneira o cristão no mundo: estamos para esperar. Mas, o qual o objeto da nossa esperança? O próprio Senhor, e, com Ele, “novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça” (2Pd 3,13). Esta perspectiva da chegada do Salvador – não mais na Sua primeira vinda, mas naquela que será gloriosa – exige de nós o estar despertados, tal como afirmou São Paulo, na Carta aos Romanos: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar” (Rm 13,11). Se o Apóstolo faz tal observação, é porque percebe que muitos estavam no torpor do sono do comodismo, cochilando em “berço esplêndido”, descurando da fé. Não percamos de vista que São Paulo escreveu tais linhas há quase dois mil anos. De lá para cá, o que mudou?

“Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonerias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades,  nem de brigas e rivalidades” (Rm 13,13). Lamentamos, veementemente, que tais descuidos ainda existam no mundo; e, para vergonha nossa, até entre aqueles que se dizem cristãos, porém, não procedem honestamente, desdizendo a vida da graça que receberam no dia do Batismo. O que São Paulo elenca continua a acontecer; e pior: os pecados ganharam, pela astúcia demoníaca e pelas espertezas dos ímpios, novas modalidades, aparentemente discretas, mas igualmente desastrosas à alma que deveria esperar o Cristo, mas que não é perseverante. Meios tecnológicos e refinados de pecar, que redundam no que o Apóstolo acusa, provando a irresponsabilidade de muitos que dizem esperar.

Aquele que não vigia, que não espera o Senhor, que não se prepara enfim, despoja a veste da graça que o Senhor nos concedeu; veste da pureza e da justiça. É por isso que temos imperativo feito por São Paulo, ainda escrevendo aos Romanos: “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (13,14a).

Esperar alguém que amamos é muito mais do que uma simples ânsia: é um movimento de alegria. Preparar-nos, como nos ordena Jesus (cf. Mt 24,44), exige bastante de nós. “A espera – explica o Papa Bento XVI – é uma dimensão que atravessa toda a nossa existência pessoal, familiar e social. A espera está presente em mil situações, desde as mais pequenas e banais, até às mais importantes, que nos empenham total e profundamente” (Ângelus, 28.11.2010). Toda a ocasião na existência deve ser testemunha Daquele a quem esperamos: Cristo, a grande esperança que nos salva (cf. Rm 8,24).

A alegria que enche o nosso coração na expectativa fomenta-nos o desejo de Sua chegada; Ele que trará, pelo Seu julgamento, ao mundo paz, pela qual procederemos em nosso quotidiano. Para tanto, basta que nos deixemos guiar pela luz Daquele que Se identificou como “Luz do mundo” (Jo 8,12) e que vive e reina para sempre. Amém.