O Fórum Econômico Mundial após dois anos por causa da pandemia está sendo realizado em Davos, Suíça, durante a primavera europeia quando tradicionalmente acontecia no inverno. A pandemia da COVID não mudou apenas a estação do Fórum, mudou a perspectiva econômica mundial e destacou o aumento da desigualdade no planeta.
Um dado que chamou a atenção é que durante esses últimos dois anos enquanto o mundo sofria com o crescimento da pandemia da COVID a cada 30 horas o mundo ganhou um bilionário e a cada 33 horas um milhão de pessoas entravam na pobreza extrema. Esses dados foram apresentados no Fórum Econômico Mundial de Davos pela ONG Oxfam e mostram a perversidade da desigualdade especialmente causada pela pandemia.
Apesar do avanço da vacinação contra a COVID no mundo e a aparente retomada de uma “vida normal” a OMS – Organização Mundial da Saúde fez um alerta em Davos sobre a necessidade de continuarmos atentos e tomando os cuidados necessários pois a pandemia ainda não acabou. Dados recentes demonstram que a epidemia é persistente e os casos têm aumentado em vários países, a exemplo dos Estados Unidos e da China.
No caso do Brasil deve ser tomado um cuidado extra por conta do negacionismo governamental que somente adotou as providências como vacinas e outras medidas por força de decisões judiciais e continuou até agora com campanhas de desinformação e de minimização da gravidade da doença. O resultado até agora são milhões de casos, preocupando o sistema público de saúde com COVID longa, e mais de 650 mil mortes, muitas das quais poderiam ser evitadas se fosse a leniência estatal e a ideologização da pandemia.
O argumento falso de que o problema maior era a economia está evidenciado com o custo que o mundo terá com gastos para cuidar dos sobreviventes que terão que conviver com sequelas neurológicas, cardiológicas e motoras por força da incompetência e irresponsabilidade de gestores da saúde que optaram por uma narrativa política no lugar de decisões administrativas de acordo com a necessidade de enfrentamento da pandemia.
O preço de milhares de vidas perdidas que não pode ser fixado, porque não há parâmetro para precificar a vida de um ser humano, e a dor dos parentes que perderam em muitos casos os seus provedores.
A desigualdade aumentada apresentada no Fórum de Davos é apenas um lado perverso do mundo que estamos vivendo e que aprofunda a crise moral e demonstra a ganância de alguns em detrimento da maioria da população mundial. A tributação das grandes fortunas tem sido apontada em Davos como uma das atitudes que os governos devem tomar, desde, acrescento, que esses mesmos governos coloquem em prática políticas sérias de redução das desigualdades.