ARACAJU/SE, 20 de abril de 2024 , 2:33:34

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As Virtudes Teologais e a participação na divindade

Pe. Everson Fontes Fonseca,

Administrador da Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Mosqueiro

 

Há um ditado antigo que diz: “A prudência é a mãe de todas as virtudes”. Para os antigos, a prudência seria o máximo agir do homem, a maior de expressão da natureza humana, porque se configurava o topo do que era a inteligência aos seus olhos. Para os cristãos, iluminados pela fé, o agir deve nortear-se pelas virtudes teologais. Mas, o que é a virtude?

Do latim, virtus, força, para o Catecismo da Igreja Católica, “As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas paixões e guiam o nosso procedimento segundo a razão e a fé. Conferem facilidade, domínio e alegria para se levar uma vida moralmente boa. Homem virtuoso é aquele que livremente pratica o bem. As virtudes morais são humanamente adquiridas. São os frutos e os germes de atos moralmente bons e dispõem todas as potencialidades do ser humano para comungar no amor divino” (n. 1803). Para São Gregório de Nissa (séc. IV): “O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus”.

Se a virtude é a força reguladora para uma justa vivência, pelas virtudes teologais o homem tem as suas faculdades adaptadas para que participe da natureza divina, pois as virtudes teologais referem-se diretamente a Deus, ao mesmo tempo em que, como cristãos, dispomo-nos a viver em relação com a Trindade. Para o Catecismo da Igreja Católica, “As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão, Informam e vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de proceder como filhos seus e assim merecerem a vida eterna. São o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano. São três as virtudes teologais: fé, esperança e caridade” (n. 1813). As virtudes teologais são expressão da graça santificante, ou seja, do desejo de Deus que todos sejam perfeitos íntegros (cf. Gn 17,1; Lv 11,44; 19,2; 1Pd 1,16; Tg 1,4). Se a Santíssima Trindade nos faz participantes de Sua natureza é para que compartilhemos de Sua vida. E isto não é porque a Trindade queira divinizar apenas a substância do nosso ser, mas também nossas próprias faculdades e, através delas, o nosso agir.

Esta graça santificante, portanto, não está dormindo em nós como um tesouro inerte, uma qualidade morta. Mas, ao contrário: deve ser dinâmica, já que é força vital e princípio da atividade divina em nós. Tal como a natureza divina está constantemente em Deus, que conhecemos e amamos, a graça em nosso ser reflete-se em nossas faculdades de inteligência e vontade e permite-nos conhecer e amar Deus. Embora seja verdade que só a graça clarifica as virtudes teologais, pode-se argumentar também o contrário: que somente as virtudes descobrem o significado de estarmos na graça, apresentando-nos como filhos adotivos na relação de conhecimento e amor a Trindade.