ARACAJU/SE, 23 de abril de 2024 , 20:34:40

logoajn1

Automedicação em tempos de pandemia

A automedicação no Brasil é um hábito comum a cerca de 77% dos brasileiros, segundo uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF) realizada em 2019. Ou seja, mais de 2/3 da população tem esse mau hábito de se automedicar.

Em tempos de pandemia e de um debate sobre a indicação de vários medicamentos que não tem indicação e de comprovada ineficácia para o tratamento, especialmente, o que virou hit “tratamento precoce” que tem como propagandistas autoridades do executivo e do legislativo federal, além de uma milícia digital irresponsável.

A maioria dos medicamentos propagandeados de forma irresponsável são vendidos sem retenção de receita médica, o que além de ser extremamente perigoso para a saúde do cidadão brasileiro é também ilegal.

Sabe-se que as consequências do uso indiscriminado de medicamentos ocorrem a longo e médio prazo e podem, entre outros casos, mascarar doenças graves, sobrecarregar os rins, e provocar efeitos colaterais graves que podem levar a óbito.

O problema é que a cultura de se automedicar é muito antiga no Brasil, e os maiores influenciadores são os familiares, amigos e vizinhos, cerca de 25%. Com a influência das redes sociais o universo de influenciadores desqualificados tem aumentado, ainda mais em tempo de COVID-19.

Numa pandemia, cuja doença é nova e se comporta de maneira aleatória, causando imensa preocupação para os médicos e pesquisadores, em nada contribui o uso da automedicação. Muito pelo contrário, favorece o aumento de intercorrências graves e letais.

A grande preocupação é com a falta de ética do mercado de medicamentos, onde o lucro está em primeiro lugar, e a saúde do consumidor, em último. Chega a ser criminosa a indicação e a propaganda de medicamentos por qualquer meio. 

O resultado da união da ignorância e do abuso é o aumento de problemas que serão levados para um sistema de saúde bastante caótico por conta da pandemia.

Parece que as pessoas ainda não caíram na real. Não há UTI’s. Não se consegue UTI indo chorar na TV e nem ingressando na justiça. A gravidade da crise sanitária e o colapso do sistema hospitalar é tamanho que todas as pessoas deveriam se preocupar em não adoecer. E não adoecer, implica em não se automedicar.

A sua família agradecerá esse esforço. O velho ditado que diz “que de médico e louco temos um pouco” é melhor esquecer, e ser mais racional.