ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 20:49:58

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Das aulas de educação física

O sair da cama não era tão doloroso, a gente com o pensamento  marcado pelo desejo de se deparar, lá fora, com a neblina, só para ver o efeito gerado ao falar e suspirar. A neblina, na maioria das vezes, estava a nossa espera, fazendo até com que esquecêssemos do frio que assolava. A sensação de estar num país de baixas temperaturas, faltando só a neve que, aliás, nem Santo Antonio faria ali cair. Era a caminhada, a partir das cinco da manhã, em direção ao ginásio. Aula de educação física, todo mundo de short, tênis nos pés, camisa que não sei mais se era um modelo só para todos. E o exercício da neblina, quando aparecia.

Educação física, entenda-se, alguns parcos exercícios, porque o gostoso era a pelada que logo se formava, na qual, na maioria das vezes, não tínhamos espaço, os veteranos da terceira e quarta séries a tomar conta, fazendo predominar a força da antiguidade, e se algum aluno da primeira ou da segunda séries conseguia ser escalado é porque levava jeito para o futebol.  O mais, na minha condição de perna de pau, era tomar outro destino, no retorno a casa. 

Tudo era muito fora dos esquadros, a começar pelo professor, e, só para citar, um genro do diretor, um ex-atleta, os dois, de comum, só tinham o uso do apito, no comando de exercícios que não cansavam, na repetição cada aula da aula anterior, que, acho, sem lá muita certeza, que eram duas por semana, a memória fechando as portas para as aulas de educação física quando já cursava o terceiro e o quarto anos, sinal que não despertavam atenção, passando com rapidez como a paisagem quando o veículo desenvolve alta velocidade. 

Já no curso clássico, no Aracaju, avisado da presença do médico do colégio, corri da sala de aula até o local do exame, e, resultado, o coração acelerou e o médico, ao constatar as rápidas batidas,  resolveu me dispensar, o que me deixou profundamente alegre, livre das aulas de educação física, dispensa que, ou ocorreu por todo o curso, ou a partir do segundo ano, não se exigiu mais a presença do aluno. Ficou,  no seu todo, o respirar na rua, nas madrugadas frias de Itabaiana, para ver o ar ganhar uma conotação de clima de inverno europeu.  E, então, entra na jogada o velho ditado: Quem não tem cão, caça com gato. Era o que a gente fazia.