O domingo 9 de agosto de 2020 será o primeiro Dia dos Pais que não terei a presença física do Véio Ribeiro (coloquei mesmo o acento no ditongo aberto da paroxítona. É nome próprio, faço como quero!), meu pai, meu referencial de muitas nuances, de histórias, lidas e experiências que me fizeram o quê e quem sou.
Não está fácil desde que ele partiu no último dia 27 de junho. Por essa razão, prefiro nem abrir fotos, conversar sobre o assunto ou relembrar momentos especiais com ele. Aliás, todo momento com ele era especial. Até os últimos assim o foram. Bem pouco antes de partir para um outro plano, conversávamos sobre vários assuntos e, de repente, ele fixou o olhar no horizonte e disse que estava chegando a hora de ir embora. Estava com saudade dos pais e dos irmãos.
Fiquei me perguntando que saudade era essa que se permitia matar em outra esfera de vivência, mas que se tornava tão vivaz aqui no nosso cárcere corpóreo mortal. É daquela que dói sem sentir vergonha por isso; que se satisfaz em doer por si só somente ensimesmadamente; que dilacera sem compaixão ou culpa alguma. Apenas dóis, sem analgésico que dê jeito.
Pois é, vou passar Dia dos Pais sem Zé Corninho (ele gostava de ser alcunhado assim). Pelo menos, de forma terrena. Há de existir algum sentido nas partidas. Meu pai, na sua sabedoria invejável, também me falou que a vida já havia lhe proporcionado muita coisa boa. Estava na hora de parar de contar histórias e desfilar a memória também invejável que encantava, mesmo aos 96 anos. É que o corpo não estava páreo pra cabeça.
No fim, percebo que somos, de fato, o que temos por dentro. É de lá que saem as coisas boas de quem somos, as coisas que somos, as coisas que nos fazem sermos quem somos ou quem deveremos (ou deveríamos, já que tem muita gente que se nega, anula-se e se esvai como cinza dos canaviais em plena queimada) ser.
É, amigo (imitando Galvão Bueno, ele mesmo), domingo Dia dos Pais não será o mesmo. Mas será o normal daqui em diante. O que resta é a recomposição com as cicatrizes. Não há outro remédio porque não há remédio simples assim. Tudo bem, então! Segue a vibe, segue a life, segue a live!
A vida, ainda que com dores, rompantes e saudade, segue! Feliz Dia dos Pais, a estes e aos filhos!