Dia desses eu estava sintonizado na 103 FM, ouvindo a doce voz da rainha Iucema Santos (parece o canto da sereia convidando Ulisses para uma nova cilada. Foi quando ela leu um texto, em tom solene, daqueles que fazem o tempo parar, o qual trazia à tona uma bela reflexão sobre o fim dos ciclos. Parei tudo, ouvi atentamente e refleti.
Havia uma analogia entre o término das coisas e calçar um sapato velho que para nada mais serve a não ser volvê-lo a juntar-se com outros resíduos. Reflexão interessante, que fez pulsar meus pensamentos a questionar tal verdade. E me perguntei:
– Por que razão as pessoas têm tanta dificuldade em encerrar ciclos? O que as leva a se prender ao que já acabou como se fossem náufragos acorrentados a uma bola de ferro achando que é uma boia salva-vidas?
Parece que o coração não quer se livrar daquele peso com o qual está acostumado. E luta, luta, luta, numa incansável odisseia sem fim de jornada. É como se aceitar o fim de algo que já acabou não promovesse mais condição de seguir a estrada.
Mas aí há engano. O fim de todo ciclo representa o início de outro. Isso é fato. O pensamento precisa ser direcionado ao que virá e não no que passou… porque PASSOU! É passado, não mais existe.
Também parece que existe um tipo de esperança se que , algum dia, alguém milagrosamente vai criar um bálsamo para curar cicatrizes da alma. Quem pensa assim acha que é melhor esperar essa cura.
– Ei, acorde! A realidade tá chamando!