ARACAJU/SE, 18 de abril de 2024 , 15:00:29

logoajn1

Entre a chuva e o mosquiteiro

Dia desses eu estava fazendo uma caminhada de leve, aproveitando a brisa da manhã e botando os parafusos em dia. Nada melhor do que o vento lúdico para arejar as ideias. Era bem cedo, sil nem nascerá direito. Ainda chorava para rebentar a madrugada. Uma chuva bem fininha começou a molhar a rua, a praça.

O momento me fez lembrar muitas cenas da infância. Uma delas: quando criança, dormia com minha mãe. Nos dias de chuva, ela colocava um lençol dobrado sobre o mosquiteiro porque a água que caía no telhado passava entre as frestas e respingava na cama. O lençol nos protegia.

Eu gostava dos respingos no rosto. Era como se eu estivesse em plena liberdade ao bel prazer da chuva. Sorriso leve, olhos fechados, vento no rosto…sensações add éticas perfeitas que são puras pérolas de felicidade.

Por outro lado, a sensação de proteção, de cuidado, de aconchego também me deixava de sorriso saliente. Ali estava tudo bem. Não haveria de existir qualquer problema. E se raios e trovões permeassem as lágrimas da chuva? Minha mãe estava lá, o lençol estava lá. Eram duas barreiras impenetráveis. E eu feliz!

Ah, também gostava da parede fria. A cama era encostada (para eu não cair). Aquela temperatura me fazia pegar no sono rapidamente porque me imaginava voando, dominando os céus com meus voos rasantes.

Eu desconheço momentos tão perfeitos como esses . Em todas as situações havia felicidade. Na chuva, na cama, ao sol, sob o lençol  e o mosquiteiro, na frieza da parede. Eu era feliz de qualquer jeito.

Na verdade, depois que cresci, passei a entender que  tudo era por causa dela. Minha mãe conseguia transformar as situações. Revertia tudo em sonhos. O que era um trovão perto de Salvelina? Nada!