ARACAJU/SE, 18 de abril de 2024 , 0:58:35

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Feliz dia pra quem namora!

Dia desses eu me dei conta de que já estamos no meio de ano, em junho, mais precisamente. A sensação é de que o tempo pegou carona num foguete e está extrapolando as horas em segundos.

– Já é JUNHO! Junhouuuu!!!

E junho é mês de festa e de santo. Tem pra todo gosto: Santo Antônio, São João, São Pedro. Ah, e é mês também dos namorados. Lembro que, quando criança, minhas irmãs faziam a simpatia do bolinho de farinha na bacia. Colocavam-se, dentro dos bolinhos, os nomes das pessoas com quem a menina gostaria de casar; em seguida, depositava-os dentro da bacia com água. Aí era só esperar qual o bolino que se desmancharia primeiro, revelando com quem a menina iria casar. Ah, mas tinha que ser na noite de São João.

Quando olhamos para o passado e comparamos com o presente, percebemos que a diferença de mentalidade é absurda. Primeiro: quase ninguém lembra das datas festivas como elemento religioso. As datas dos santos viraram calendário de baladas a céu aberto, com os municípios disputando quem contrata a atração mais cara do momento. A galera fica agitada querendo saber quem vai pra onde, os motoristas de bate-e-volta inflacionam o preço, as lojas de botas femininas geram black fraude, todo mundo se ouriça freneticamente porque é festa, festa e mais festa. Normal, juventude é isso mesmo.

Segundo: junho também é o mês dos namorados. O dia 12 gerava muita expectativa nos casais sobre qual o presente do ano. As coisas mudaram. Nas redes sociais, o que mais se vê é postagem de solteirismo inveterado, consciente e divergente da ideia de criação de compromisso em relacionamento amoroso.

Nunca Zygmunt Bauman teve tanta razão quando se propôs a descrever a sociedade líquida. A fluidez dos relacionamentos efêmeros (alguns duram menos de minutos) é uma vertente interessantíssima da prova cabal do que falou o sociólogo e filósofo polonês aqui citado. Inclusive, quem se atreve a manter um relacionamento duradouro logo se vê persuadido a sair disso por ouvir que está fora de moda. O bom mesmo é a tal da promiscuidade, hoje travestida com o nome de putaria.

Pelo visto, o comércio de presentes deve estar amargando dias terríveis. Até vi uma postagem que me chamou a atenção: um anúncio apresentando como alternativa de presente para o Dia dos Namorados uma adaga linda, feita à mão, tom artesanal, cabo de madrepérola. O resultado disso: uma enxurrada de comentários ridicularizando a propaganda. Eu entendi o porquê dos ataques ao anúncio: uma adaga para matar o amor.

Feliz dia pra quem namora!