Dia desses eu saí da academia bem cansado, mas satisfeito por entender na pele (carne e osso) o sentido da expressão “No pain, no gain!” (sem dor, sem ganho). De fato, precisamos suar até doer para atingirmos o propósito que colocamos no nosso coração. Isso vale pra tudo: projetos pessoais, sonhos, desde o mais simples querer até a mais complexa vontade. Só que, no meio disso, figurando como mola propulsora está o meu amigo propósito. Sem ele, as ações são vazias, perecem com o tempo, diluem-se como a liquidez da chuva na janela (poetizei agora).
Enfim, onde eu estava? Ah, sim! Saí da academia paradoxalmente regozijado com o meu cansaço. Decidi ir ver minha mãe e levar-lhe algum presentinho fora de hora (faça isso com quem você ama. Faz um bem indescritível). Passei no Mercado Central (pense num lugar que me apraz!) e comprei pamonha e pé-de-moleque sergipano pra minha veinha tomar café.
Mas antes de chegar ao Mercado, ali nas imediações da 13 de Julho, uma cena me chamou a atenção: na calçada da canal, um homem vendia água mineral aos condutores dos veículos parados durante o sinal vermelho. Enquanto isso, uma menina, aparentando de 6 a 8 anos, brincava com uma boneca, alguns moveizinhos de madeira e…um filhotinho de gato!
O que me despertou o olhar voltado à criança foi o modo carinhoso como ela tratava o bichaninho (que estava numa ‘jaulinha’ plástica rosa com a portinhola aberta). O gatinho parecia uma pedra preciosa rara e frágil, embalado por braços de acolhimento poucas vezes visto por minhas retinas. Parecia um príncipe embalado pelas mãos das aias da rainha-mãe…
Expressei um sorriso satisfatório (essa palavra tá na moda) com o olhos miúdos (já sorriu assim?) e viajei naquele conto de fadas. Ali, na calçada, em um contexto de desigualdade social, contra tudo e contra todos, tive mais uma prova viva de que o amor (revelado na sua magnitude em forma de afagos de uma criança) não tem preço, tem valor! Emocionei! Que sorte daquele gatinho!
Pena que acordei do meu momento de encantamento porque um Zé Carniça começou a buzinar desesperadamente para informar que o sinal acabara de ficar verde. Nem precisava fazer tanto barulho. FIDAPÉ!