ARACAJU/SE, 25 de abril de 2024 , 8:29:49

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O caminho da humildade

Contemplemos a harmoniosa junção de mansidão e pobreza como sinônimos de humildade, como grande lição para uma similitude maior ao Coração de Jesus, fonte e exemplo de toda mansidão e humildade, Ele que Se fez pobre para nos enriquecer (cf. 2Cor 8,9).

Iniciemos esta nossa meditação, chamando a lume o radical de humildade. Do latim, humílitas, traz-nos a ideia de fazer-se pó, barro, humo. Ser humilde é, portanto, anular-se de tal maneira que reconheçamos que a origem de tudo o que somos vem do próprio Deus, porque, como nos diz o Evangelho de São João, “de Sua plenitude todos nós recebemos graças após graças” (Jo 1,16).

O Monsenhor Francisco Carvajal nos oferece algumas ideias das consequências do ser humilde: “A humildade leva-nos a ter plena consciência dos talentos que Deus nos deu, para fazê-los desenvolver com o coração reto; impede-nos a desordem de nos arrogarmos deles e de cairmos na presunção; leva-nos a ser sabiamente moderados e a dirigir para Deus os desejos que se escondem no coração humano”. O húmile sabe sempre fazer do trecho do Salmo 113 a sua constante oração de exaltação ao Altíssimo: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas para ti seja toda a glória” (Sl 113,1).

Humilde é, ainda, aquele que é grato aos outros: ao grande Outro, Deus, e aos semelhantes, independentemente se estes nos fazem o bem ou o mal. Sim, porque os males que padecemos devem ser ocasiões de união maior com o Senhor e de gratidão a Ele, como diz Jó: “Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber os males?” (Jó 2,10). O sofrimento é uma profunda escola de fé, que nos talha à aparência com o Cristo crucificado. Pela auto-anulação no caminho da fé, somos equilibrados pelo próprio Jesus, tendo em vista que Ele é a verdadeira e justa medida do homem; Ele que, sendo Deus, humilhou-Se a Si mesmo, fazendo-Se semelhante aos homens (cf. Fl 2,6-7). Se, de fato, tivermos a humildade como um sério programa de vida a ser, ainda que a duras penas, encarado, não compactuaremos com a soberba e a vaidade, ópios de uma humanidade doentia.

A trilha árdua da humildade ainda descortina o amor aos pobres para nós, de maneira que, dando a eles, emprestamos ao próprio Deus (cf. Pr 19,17), que nos recompensará na ressurreição dos justos (cf. Lc 14,14), porque os pequenos não têm como retribuir, com os cálculos deste mundo, o bem que um coração humilde lhes proporciona.

Sejamos pequenos, pobres no interior, para que nos seja manisfestada, de hoje para todo o sempre, a glória de Deus em nós, por nós e para nós.