ARACAJU/SE, 18 de abril de 2024 , 21:42:48

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O crescimento na fé pela lição do amor

Estamos prestes a viver o Segundo Domingo da Páscoa, que, segundo uma antiga tradição, num dia como esse, os que haviam sido batizados na Vigília Pascal despojavam a veste branca, recebida na Noite Santa. E assim, o Segundo Domingo da Páscoa, ainda nas Oitavas, ganhou a alcunha de ‘Domenica in Albis’, que se traduz por Domingo de Branco.

Se o Batismo nos fez filhos de Deus, esta filiação embute em si a idéia de crescimento na fé, tendo em vista que nascemos segundo esta mesma virtude. Este desenvolvimento no conhecimento de Deus faz com que o nosso espírito vá se maturando, rumo ao alcance do homem perfeito, Jesus Cristo. Por isso, creio que nos chame atenção a ordem de São Pedro, em sua primeira Carta: “Como crianças recém-nascidas, desejai o puro leite espiritual para crescerdes na salvação. Aleluia!” (2,2). Renascidos pelo Batismo, que, logicamente, é um dos Sacramentos pascais, porque, ao lado da Eucaristia, brota do lado aberto do Senhor estendido na Cruz, de onde saem sangue e água, amadurecemos no amor de Deus, na Sua misericórdia que nos resignifica segundo o Seu divino Coração. Daí, percebermos a icônica ligação entre os raios que saem do peito de Jesus na Sua aparição à Santa Faustina Kowalska e a belíssima confissão que se estampa aos Seus pés: “Jesus, eu confio em Vós”.

Emblemáticas são as chagas do Ressuscitado. Mãos, pés e lado abertos, perfurados. Neste mesmo sentido, vindo em nosso socorro com os seus profundos pensamentos, principalmente à indagação que nos pode assaltar “Qual o porquê de Jesus ressaltar as santas chagas como sinais de Sua ressurreição?”, Santo Agostinho de Hipona dizer: “Conservaram-se os vestígios das chagas para sarar os corações duvidosos” (In Evang. Iohanem, Trat. CXXI).

O Senhor glorioso Se nos apresenta com os traços de Seu amor, que nos concede a salvação pelo Batismo e pela Eucaristia. E mais: se pecamos, duvidosos e vacilantes, o Cristo institui para nosso remédio o Sacramento da Reconciliação, da Confissão, quando, insuflando o Espírito Santo sobre os Apóstolos, lhes diz, eternizando o Seu amor que perdoa desde a Cruz: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,22).

A comunhão com o amor de Deus nos pacifica. E esta paz, que a fé nos proporciona (e apenas ela!), é ansiada por todos. O problema é que muitos não discerniram que Deus é o seu nascedouro, e vivem errantes a buscar, em vão, substitutos que suplantem a realidade do amor e da fé pacificadores. Nos Atos dos Apóstolos, temos: “A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados” (At 5,16). Se as pessoas tivessem ciência dos tormentos, da desfiguração que o pecado causa… se tivessem em altíssima conta a libertação e o lenitivo que somente a misericórdia divina oferece para uma alma que, arrependida, busca a Deus, que sempre Se deixa encontrar, com o Seu peito aberto para nos acolher na profunda chaga de amor do Seu adamantino Coração…

“Jesus, eu confio em Vós!”. Este brado não seja repetido irrefletidamente. Mas, num processo de desenvolvimento, de crescimento na fé e no amor a Deus, vejamos sempre ao nosso lado, em nosso favor, por Sua infinita e eterna misericórdia, nosso Senhor e nosso Deus, não obstante as nossas crises na atitude de crer, crises que, tantas vezes, nos derrocam à dúvida e à infidelidade, tal como Tomé Apóstolo (cf. Jo 20,19-31).