ARACAJU/SE, 25 de abril de 2024 , 1:05:17

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O grande Sinal

“Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco” (Is 7,14; Mt 1,23). Eis que o grande sinal se estabelece; é realizado: uma virgem concebeu e dará à luz ao próprio Deus; o Criador pela criatura! Mas, para quem é este sinal?

Quando tomamos, em leitura, o Profeta Isaías, vemos que, diante da indecisão de Acaz, Rei de Judá, que, indefinidamente, afirma não querer tentar o Senhor, gratuitamente, Deus lhe concede um sinal (cf. Is 7-8). Na realidade, Acaz, oito séculos antes de Cristo, estava obstinado em defender-se da invasão e do jugo dos reinos de Israel e de Aram, contando com o auxílio dos assírios. Porém, mais tarde é traído por estes seus aliados. Diante da dureza de Acaz, o Senhor promete para todos um sinal: o de um Menino, Filho de uma Virgem. Este sinal será de salvação para alguns e de confusão e perdição para outros. Ou seja: para os que o acolherem, de vida; para os que o repelirem (figurados pelo Rei Acaz), de perturbação.

Naquele momento, o sinal da Virgem-Mãe poderia não ter sentido. Sim, porque o verdadeiro Libertador, o Menino da Virgem, virá “na plenitude dos tempos, quando Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção” (Gl 4,4-5). O nosso inimigo-mor não é simplesmente uma pessoa humana, mas o diabo; não uma estrutura social, mas uma pecaminosa desde a sua origem; a libertação a nós prometida não é um armistício, uma ausência de guerra, e sim o fato de sermos acolhidos pelo próprio Deus, a de sermos adotados por Ele.

Este sinal, o Menino, Filho da Virgem-Mãe, é apresentado ao coração de José, perturbado pela dúvida ou pela ignorância da profundidade de tudo aquilo que circundava o seu noivado com Maria (cf. Mt 1,18-25). Não sabemos se a Virgem teve ocasião ou tempo de comunicar a São José a visita e o anúncio do Anjo Gabriel e a consequente concepção milagrosa do Salvador no seu ventre puríssimo. E, por mais que a Virgem o tenha feito, não o conseguira falar tão profundamente como o próprio Deus, pelo Anjo, o faria. Por isso que o Evangelho de São Mateus esclarece: “Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe em sonho, e lhe disse: ‘José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados’” (Mt 1,20-21). E, mediante esta iniciativa de comunicação pelo próprio Deus acerca do sinal que estampara para todos, é que José “fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa” (Mt 1,24).

A Igreja, diuturnamente, aponta para este sinal-realidade: o Salvador. E não apenas nestes tempos de Advento e de Natal que ela o faz: antes, nunca se esquece de proclamarmos a Sua vinda, inclusive e principalmente pela Santa Missa. A Igreja, atenta, indica este sinal que se delineia para todos: é pelo Cristo, grande sinal de Deus, que trazemos à obediência da fé todos os povos, chamando-os ao discipulado Daquele que Se fez sinal (cf. Rm 1,5-6). A Igreja é Mãe solícita, figura e é figurada pela Virgem-Mãe Maria. A voz da Igreja, que, como profetiza, é fala do próprio Deus para o coração de todos, para que todos sejam salvos, ressoe por todo o mundo, mostrando, claramente, o sinal-Cristo, que Se estampa em suas atitudes de salvação e de libertação em prol dos seus filhos.