ARACAJU/SE, 25 de abril de 2024 , 2:00:25

logoajn1

O reinado de Maria no coração da humanidade

 

Padre Everson Fontes Fonseca,
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Mosqueiro.

Celebrávamos, no último dia vinte e dois de agosto, a Memória de Nossa Senhora Rainha. Em que esta celebração nos deseja instruir?
O venerável Papa Pio XII, na Carta Encíclica Fulgens Corona, onde institui a memória da realeza de Nossa Senhora, observará: “Terminado o curso de sua vida terrena, [Maria] foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E, para que se assemelhasse mais plenamente ao seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Ap 19,16) e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo”. A realeza de Cristo é realeza de Maria. O próprio Senhor associou a Sua Mãe ao Seu reinado eterno e universal, reino de justiça e de santidade (cf. Is 9,6) para onde, chamados, enquanto humanidade, já estamos na pessoa de Maria Santíssima, outrora coroada de dons e virtudes em sua vida terrena, e, hoje, coroada de glória e esplendor pelas Pessoas da Santíssima Trindade. São Paulo já tinha consciência desse reinado de Cristo aberto à uma humanidade ‘correinante’, e que nós a antevemos na Beatíssima Virgem Maria (cf. 2Tm 2,11-12).

Na audição do Evangelho da Anunciação do Senhor, temos dois fatos aos quais desejo salientar: o reinado de Cristo e a disposição ao serviço de Maria. Sempre numa monarquia, a mãe do rei é conhecida e age como ‘rainha-mãe’. O Arcanjo São Gabriel, ao apresentar a Virgem Santíssima a sua missão maternal, também discorrerá para ela quem é o que nascerá de si (cf. Lc 1,31-33). Na fala do Anjo, a partir dos méritos de Cristo, muito poderemos dizer dos títulos de Nossa Senhora: Mãe Salvadora, porque gerou Jesus (Deus Salvador); igualmente vemos a grandeza e o reinado daquela escolhida para trazer ao mundo Aquele que é, de per si, grande, mas se fez pequeno, se fez servo; bem como o reinado da Mãe daquele que é Rei e Senhor de tudo e todos desde sempre e para sempre.

Mas, onde Maria exerce o seu reinado e de que forma? Pelo serviço, pela disponibilidade a Deus e a humanidade. Percebam que tão logo Maria deu o seu sim a Deus, pondo-se na qualidade de serva (cf. Lc 1,38), tão logo ao retirar-se o Anjo, vemo-la servir a Isabel, sua prima idosa – antes estéril – e grávida. O reinado de Maria, ainda hoje, é exercido no seu serviço a Deus e a humanidade. A Deus, enquanto, no Céu, eternamente, canta Seus louvores. E aos homens? O reinado de Maria exerce-se diariamente em toda a terra, pois é ela que distribui a mãos cheias a graça e a misericórdia do Senhor. Em correspondência, devemos colocar-nos muitas vezes na sua presença, reconhecendo-a como Rainha. Esse reinado é exercido no Céu sobre os Anjos e sobre todos os bem-aventurados, que aumentam a sua glória acidental (a que foram chamados, porque a glória é, eminentemente, de Deus) pelas luzes que Maria lhes comunica, pelas alegrias que experimentam na sua presença, por tudo quanto ela faz pela salvação das almas. O reinado de Maria exerce-se também no Purgatório.

A nossa Mãe anima-nos constantemente a pedir e a oferecer sufrágios pelos que ainda se purificam no Purgatório; apresenta a Deus as nossas orações por eles, aumentando assim o seu valor. E, se procurarmos a sua intimidade, estimular-nos-á também a purificar as nossas faltas e pecados já nesta vida, permitindo assim que possamos contemplá-la imediatamente depois da morte, sem termos que passar por esse lugar de espera e de purificação.

Não é sem justiça que, no seu clássico “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, São Luís Maria de Montfort afirmar: “Maria é a Rainha do céu e da terra, pela graça, como Jesus é o Rei por natureza e conquista. Ora, como o reino de Jesus Cristo compreende principalmente o coração ou o interior do homem, […] o reino da Santíssima Virgem está principalmente no interior do homem, isto é, em sua alma, e é principalmente nas almas que ela é mais glorificada com seu Filho, do que em todas as criaturas visíveis, e podemos chamá-la com os santos a Rainha dos corações” (n. 38).

Permitamo-nos ao cativo e ao reinado de Maria Santíssima em nosso interior!