ARACAJU/SE, 23 de abril de 2024 , 3:17:54

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O risco do lockdown hospitalar

O Brasil chegou ao ápice da pandemia, com recorde de óbitos e de casos de infecção. Enquanto escrevo a coluna, 18 estados mais o Distrito Federal tem uma ocupação superior a 80% de leitos de UTI dedicados a pacientes com a COVID.

Pessoas estão morrendo a espera de uma vaga de UTI, e o estado de Santa Catarina, do rico sudeste do país, pela primeira vez, transfere pacientes para UTI’s do Espírito Santo.

No início da pandemia há um ano li, e não imaginei que fosse possível, que chegaríamos a 500 mil mortos. Agora temo que seja possível. Uma conjunção de fatores me leva a acreditar que até o final de 2021 ´perderemos 500 mil vidas e milhares de pessoas sofrerão as sequelas dessa doença que depende do compromisso das autoridades governamentais e da consciência de cada cidadão.

Não me canso de repetir que enquanto não houver união entre os membros da federação brasileira, enquanto não houver responsabilidade da União em coordenar e não sabotar os esforços dos demais membros da federação em nome de ideologias ou crenças conspiratórias, enquanto a ciência não for seguida, enquanto as pessoas não perceberem que todos, independentemente de idade e comorbidades estão sujeitos à doença, nada fará recrudescer.

A vacina é uma esperança que se arrasta no tempo pela sua falta e pela incapacidade de o governo central planejar e ainda trabalhar contra a imunização.

Não haverá economia forte numa sociedade doente. A pandemia nos mostrou o número de pessoas que estão abaixo da linha da pobreza e de milhões que ficaram desempregados e mais pobres. Nossa economia está doente há muito tempo porque os governos nunca se preocuparam em investir em educação de qualidade e de criar um ambiente saudável para impulsionar as atividades econômicas. Não foi a pandemia que causou a pobreza do nosso povo, ela apenas veio nos mostrar de forma cruel a realidade que muitos insistem em não querer ver.

Um povo saudável, educado e preparado para os novos tempos em que muitas das profissões existentes vão desaparecer e outras irão surgir, é o capital para o desenvolvimento, muito mais que os recursos financeiros, pois estes, estão à deriva em busca de boas oportunidades.

Por essas razões não podemos deixar que haja “lockdown hospitalar”, o outro lockdown que incomodam os negacionistas e agora autodenominados conservadores(?) insistem em ser contra, ainda que muitas vidas sejam perdidas. Essas são vozes do atraso, do conservadorismo predatório, inconsequente e revelador de que além da COVID estamos doentes na alma, sem amor ao próximo, típico dos psicopatas.