ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 21:32:59

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Ôpis, o negócis tá virádis!

Dia desses eu estava pesquisando algumas curiosidades da nossa querida, amada, idolatrada e, muitas vezes (põe muitas nisso!) vilipendiada (acrescente aí o vocábulo no seu eixo paradigmático, por favor) Língua Portuguesa. Como o assunto me chama muito à introspecção, deleitei-me horas a fio (sem crase, viu?!) na prazerosa busca de artefatos inusitados, etimológicos, transmutados, derivados, compostos…eita, foi uma orgasmática viagem ao fundo do ego da filhota do Latim.

Mas eis que, repentinamente, deparei-me com um exemplar exímio de ruptura umbilical com a cria lusitana. Foi um sobressalto absorto de inanição e inércia perante um deletério abusivo de uso da língua pátria (ou mátria), uma pancada por trás, com chuteiras de trava pegando no tendão de Aquiles, pior que a flechada de Páris (procure aí, vá!). Eu nunca escrevi uma hipérbole tão exagerada. Rsrsrsrsrsr (aqui pode isso?)

– Que foi que você viu, véi?

Estão querendo institucionalizar a linguagem do Mussum (aquele gênio da comédia, da capacidade maravilhosa de vivificar o riso fácil em outrem, personagem do saudoso programa humorístico ‘Os Trapalhões’): o Mussúnvis!

Explico: Mussum (apelido dado pelo gigante Grande Otelo a Antônio Carlos Bernardes Gomes) criou um tipo de dialeto que terminava muitas palavras com o sufixo (vem no fim das palavras formando novos termos) –is. Sendo assim, POSSÍVEL virava POSSÍVIS; ROUPA, RÔUPIS; CASA, CÁSIS; FRUTA, FRÚTIS… e por aí vai.

– O que tem aí que causou tântis ebuliçônis, Professôrîs?

A tentativa de institucionalização cria com o Mussúnvis o gênero nêutris na Línguis de Camônis. – Ôpis, vai neutralizáris o idiômis? Não! É só pra não ter distinção de quem é quem, para que alguém não seja ninguém, para que quem possa ser quê.

Não sei o porquê, mas isso tá bem parecido com o baianês que não utiliza o som de U tônico no final das palavras. Os soteropolitanos têm medo das rimas. Aracaju virou Aracajives; urubu, urubives. Parece que a moda tá pegando.

– Chegaê, Mussum!