ARACAJU/SE, 24 de abril de 2024 , 11:20:29

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Pedimos pastores!

Em todos os anos, por ocasião do IV Domingo da Páscoa, sob a ótica do Evangelho do Bom Pastor, a Igreja celebra a Jornada mundial de oração pelas vocações sacerdotais e religiosas, obedecendo a ordem do Senhor: “Pedi ao dono da messe que envie operários para a sua messe, porque a messe é grande e poucos os operários” (Mt 9,38).

Desde o Antigo Testamento, Deus promete pastores segundo o Seu coração, para apascentar com ciência e inteligência (cf. Jr 3,15). E isto se cumpre em Jesus Cristo, o Bom e Belo Pastor, que chama e conhece as Suas ovelhas, e estas, por suas vezes, ouvem e conhecem a voz Daquele que as apascenta. Este Pastor prometido e dado a nós, o Senhor Jesus, conduz os que são Seus, “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar” (Ap 7,9). E os conduz nas veredas ríspidas da vida, fazendo-os atravessar, incólumes, sem lesão, ferimentos ou danos, a grande tribulação.

Mas, no único Pastor, Deus escolhe pastores, que, no Espírito de Cristo, apascentam. Os Atos dos Apóstolos, por exemplo, nos apresentam a insistência de dois dos notáveis pastores da Igreja para que os que acolheram a semente das suas pregações e do Evangelho continuassem fiéis à graça de Deus (cf. At 13,43). Apascentar é, então, exortar, e comporta também admoestar, principalmente quando aqueles a quem somos enviados fazem pouco ou nenhum caso da sã Doutrina que portamos e anunciamos. E isto vemos Paulo e Barnabé fazerem aos judeus: “Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitastes e vos considerais indignos da vida eterna, sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos” (At 13,46). Cumpriam, assim, a ordem do Senhor: “E onde não vos receberem, nem escutarem vossas palavras, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi a poeira dos vossos pés” (Mt 10,14), porque “quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16).

Santo Agostinho, repelindo a ideia que muitos – inclusive na atualidade – têm, de que a voz de Cristo é uma e a dos pastores da Igreja é outra, dirá que Jesus está na pessoa dos seus enviados, “é o mesmo e não outro que as traz (a saber: traz as Suas ovelhas) por meio dos seus” (Comentário ao Evangelho de João, Tratado XLVII, 5). E na voz dos ministros da Igreja de Cristo está a voz mesma do Senhor, porque agimos em Sua Pessoa. Daí, a obediência cordial que o fiel cristão deve ter àqueles a quem o Senhor, na Sua admirável providência, dispôs para zelar pelo que é Seu, sem mérito algum dos que, assim,  foram eleitos, chamados e constituídos, não obstante a nossa fraqueza.

Especialmente hoje, pedimos ao Senhor que nunca nos deixe faltar pastores, sacerdotes, para o serviço do santo Povo de Deus, para a condução de corações à santidade, à perfeição do Supremo Pastor da Igreja. Ainda que aconteça o constatado pelo poeta Padre Zezinho, quando canta: “Sei que a televisão, o rádio e o jornal convencem mais cabeças do que o padre lá no Altar”, ainda que o mundo queira escutar outras vozes, mas que não faltem pessoas, homens corajosos, vozes dos ungidos do Senhor, para anunciar e denunciar, para exortar e corrigir, enfim, para apascentar.