ARACAJU/SE, 24 de abril de 2024 , 1:43:25

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Pesquisa e Ética

Na área da saúde a pesquisa é fundamental para o avanço na compreensão das doenças e o descobrimento de soluções para o seu tratamento, seja protocolo de biossegurança, medicação e vacina.

Assim, toda a documentação clínica e prontuários médicos podem ajudar muito a conhecer a história de determinadas enfermidades em grupos sociais, pesquisas da história da prática médica e mais ainda a pesquisa na evolução de determinadas doenças. Infelizmente, em Sergipe, como no Brasil, temos uma amnésia histórica que dificulta o trabalho de pesquisadores e estudiosos, inclusive no campo da medicina.

A preocupação do momento é com a possibilidade de se tornar lixo todos os registros médicos de hospitais como o Hospital Psiquiátrico Dr. Adauto Botelho, que era público, e da Clínica Santa Maria, privada, mas que foram importantes no tratamento das doenças psiquiátricas em Sergipe. A mesma preocupação ronda o Hospital da Fundação Santa Isabel e do Hospital São José.

É muito importante que os que estão a frente de órgãos públicos como a Secretaria de Estado da Saúde e o Conselho Federal de Medicina, com o apoio da sociedade civil, tomem as providências necessárias para que este acervo não seja transformado em cinzas.

Não há dúvidas de que os prontuários pertencem aos pacientes, mas podem, de forma ética e sigilosa, serem objeto de pesquisa para profissionais de saúde, pois sem dúvida alguma é um material excelente para conhecer a prática médica ao longo do tempo.

Por falar em ética, nesse momento de busca incessante por um imunizante que possa combater o coronavírus, as pesquisas que estão em curso estão correndo um perigo sem precedentes. E não se trata da ética na pesquisa. Ao contrário é da ética na política, é a falta de respeito de governantes que desconhecem, por ignorância ou má fé, os trâmites da pesquisa científica e querem usar indevidamente a pesquisa por uma vacina contra a COVID-19 como moeda de troca política, o que é uma insensatez porque pode condenar milhares à morte, o que seria um crime contra a humanidade, podendo ser objeto de ação penal no Tribunal Penal Internacional de acordo com os tratados internacionais assinados pelo Brasil.

Espera-se que governantes, diretores e servidores da Anvisa lembrem-se que eles passam, mas o Estado permanece, os cidadãos permanecem, e a responsabilidade deles poderá ser apurada pelo Ministério Público e apreciada pelo Judiciário, sem prejuízo da responsabilidade no plano internacional, porque a vacina da COVID-9 não interessa somente ao Brasil mas ao mundo inteiro.

Assim, a ética, seja no plano prático da pesquisa científica, seja na conduta dos administradores públicos quando tratam da pesquisa, é fundamental, e é o que se espera de homens e mulheres de bem.