ARACAJU/SE, 20 de abril de 2024 , 10:39:33

logoajn1

Pólio mata e vacinação salva

Quem tem mais de 40 anos lembra bem do Zé Gotinha e as campanhas contra a pólio, doença que está retornando aos poucos por conta de uma falsa ideia de que a doença não existe mais. Por outro lado, cresceu um movimento antivacinas como discurso dos chamados “conservadores” e isto fez recuar o grau de imunização das crianças até os cinco anos de idade.

No Brasil milhares de crianças morreram ou ficaram com deformações por conta do vírus da poliomielite antes do país ter vacinado em massa e com isso ser declarado sem a doença. No entanto, é fundamental que autoridades de saúde e os pais entendam que manter mais de 95% do público infantil é impedir que a doença retorne ao país, pois em muitos países, notadamente da África ainda persiste de forma endêmica e pode ser trazida ao país e encontrar uma população sem proteção.

Esta semana o Ministério da Saúde lançou a campanha que atualmente não consegue alcançar a meta já alguns anos, situação que se agravou com a pandemia. Estamos hoje com um índice de cerca de 75%, quando precisamos chegar a no mínimo 95%. A campanha não tem sido motivadora e a sociedade sente falta das campanhas nos veículos de comunicação de forma objetiva e incentivadora.

A política pública de saúde de prevenção de doenças precisa ser repensada, pois se transformou em espaço ideológico e não técnico, tudo é uma narrativa, enquanto os mais pobres e desinformados sofrem as consequências de uma eficiência da gestão da saúde.

A pólio mata ou cria deformações doloridas para o resto da vida de crianças que poderiam ficar livres se tomarem a vacina. Aliás, muita gente não sabe, mas a vacina contra a pólio é uma missão que o Rotary International abraçou e até hoje com doações de rotarianos do mundo inteiro garante o acesso das vacinas pela Fundação Rotária sem custo para os países, numa parceria com a Organização Mundial da Saúde.

Os profissionais de saúde, notadamente os pediatras, e a sociedade civil organizada devem exigir que sejam feitas campanhas para alertar os pais e responsáveis das graves consequências da falta de vacinação contra a pólio.

Incrível como em pleno século XXI existam governantes e gestores públicos da saúde que insistem em negar a importância das imunizações, e que pensam desnecessário fazer campanhas.

O Brasil vem a passos largos aumentando a desigualdade social e a saúde é um dos fatores que contribuem para alargar o fosso entre os mais pobres que são muitos, dos mais ricos que são poucos. Saúde é direito de todos e dever do Estado brasileiro. Negar esse direito é negar a cidadania daqueles que não podem se defender: as crianças.