Dia desses eu estava lembrando que estamos na semana da pátria, época em que costumávamos saudar de forma efusiva os símbolos máximos do nosso país, a exemplo da bandeira nacional, dos nossos hinos…ah, os nossos hinos. Todo mundo da minha galera (perdoem a adaptação linguística de nível mais baixo) sabia cantar. Ninguém ligava se existia um hipérbato (inversão violente da ordem da frase) nos dois primeiros versos do Hino Nacional, escondendo quem “ouviram” o quê perto das margens do Ipiranga.
Ninguém também questionava o porquê de se aprende a cantar o hino à bandeira, somente quem era o tal do “Augusto da Paz”, presente no referido hino. Só depois, em uma aula de Língua Portuguesa que nos instigou a ler dicionários, descobrimos que augusto era um adjetivo relacionado à palavra símbolo (dê uma olhada no texto, please!)
A fila não incomodava (bem cantou o Capital Inicial na música ‘Autoridades’, querendo fazer crítica). Mas quer saber? Não incomodava mesmo! Nós gostávamos e até disputávamos quem sabia o texto inteiro. Hoje as crianças e adolescentes disputam a mesma coisa, né? #SQN (aqui foi um F5 de termos atuais, ok?
A mão direita no peito esquerdo, simbolizando o exaltar do sentimento à nação traduzia bem como era bacana vivenciar esses momentos. Até as contracapas dos livros didáticos traziam o Hino Nacional impresso. Eu, mesmo sendo um gurizinho com vocabulário ainda curto, viajava nas palavras e sentia motivação em querer conhecer mais, entender os sentidos e aprender a cantar só pra “me aparecer” como sabido.
O tempo passou. Muita coisa mudou. Vou mudar a frase: muita coisa se dissolveu. O sentimento patriótico foi quase aniquilado na infância e na adolescência. Hoje, contam-se nos dedos as crianças e adolescentes que pelo menos sabem da existência dos símbolos nacionais. A galerinha nunca recebeu ditames sadios de patriotismo puro e indelével.
Os símbolos nacionais vigentes que se insurgiram, ou melhor, que foram propositalmente insurgidos são: bunda, exaltação ao tráfico, coisificação da mulher, desrespeito a tudo que respira, suvaco cabeludo.
– Por onde andas, Augusto da Paz?!