ARACAJU/SE, 19 de abril de 2024 , 9:50:18

logoajn1

Raio X do Investidor Brasileiro

Abordarei adiante uma pesquisa que foi encomendada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) e que apresenta um Raio X do investidor brasileiro. É uma pesquisa que está na sua terceira edição, com dados de 2019, pois conforme divulgado pela ANBIMA, o levantamento foi feito, com apoio do Datafolha, em novembro de 2019 com 3.433 pessoas em 149 municípios, que representam mais de 96 milhões de brasileiros.

De acordo a descrição metodológica, a pesquisa foi realizada com pessoas a partir de 16 anos, pertencentes às classes A, B ou C e economicamente ativas (renda ou aposentadoria). A ANBIMA alerta que a pesquisa não reflete os impactos da pandemia de Covid-19 na população. Para a entidade, a crise deixará o mundo e os brasileiros mais pobres, o que torna os temas poupança e investimento ainda mais relevantes e legitima as descobertas do estudo.

Para a ANBIMA o tema investimento é um assunto cada vez mais presente na vida dos brasileiros, seja nas redes sociais, blogs, jornais, televisão e até nas conversas entre amigos e famílias.

Entre as primeiras informações vamos para o quesito de propensão a poupar, a pesquisa aponta que 38% dos brasileiros economizaram algum dinheiro em 2019. Segundo a ANBIMA, o resultado é cinco pontos percentuais maior do que em 2018 (ano em que 33% das pessoas guardaram parte da renda) e seis pontos superior a 2017 (32%). No entanto, 62% da população brasileira não conseguiu fazer guardar dinheiro no ano passado e entrou em 2020 sem qualquer reserva financeira.

A entidade ANBIMA através da sua superintendente de educação e informações técnicas revelou que “muitas famílias tiveram sua renda comprometida por conta da pandemia, seja pelo desemprego, corte salarial ou queda brusca de receita. Aquelas que tiveram queda de renda, e não tinham dívidas nem investimentos, agora têm que rever gastos domésticos para continuar no azul. Já as que, além de entrarem em 2020 com a renda comprometida, ainda precisam honrar dívidas, têm de fazer um esforço adicional para não se verem ainda mais enroladas financeiramente”.

Estes dados revelados lembra-me uma questão que sempre abordo em meus ensaios de economia: os brasileiros possuem em geral um consumo exagerado e na maioria das vezes realizam desperdícios, somos facilmente influenciados pelo marketing e buscamos nossas satisfações no consumo, mesmo que não tenhamos condições de realizar.

A pesquisa também aponta que menos da metade dos brasileiros (44%) tinha algum saldo aplicado em produtos de investimento em 2019. Isto significa que aproximadamente 42 milhões de pessoas tinham aplicações no ano passado. O percentual aponta crescimento na comparação com os dois anos anteriores da pesquisa, quando 42% aplicavam em produtos de investimento.

Mas o maior interesse da ANBIMA é saber o perfil do investidor brasileiro e a resposta é a seguinte: a maioria é do gênero masculino (53%), casado, pertencente à classe C e com renda média mensal de R$ 5,6 mil.  A idade média é de 53 anos, apenas 17% desse percentual é da Região Nordeste, revelando quanto grande é o desafio de termos pessoas poupando e investindo na região.  No perfil consta ainda que 45% tem ensino médio e 36% tem ensino superior, 66% tem filhos, 85% trabalha e tem atividade remunerada (34% são assalariados com registro em carteira de trabalho, 11% são freelancer, 10% são autônomos regulares, 10% são funcionários públicos e 15% são aposentados.

Do ponto de vista de hábitos e costumes, a pesquisa revela que o investidor brasileiro é tradicional, pois a maioria, 71%, vai até o banco para fazer suas aplicações. Mas já temos muitos que optam pelo site ou aplicativo do banco ou da corretora. Os mais tradicionais, são chamamos pela ANBIMA de analógicos, costumam ser mais velhos, em média 47 anos, da classe C e, com renda familiar mensal em torno de R$ 4,4 mil, neste grupo os aposentados representam 22%.  Temos também aqueles que usam a internet para facilitar a vida financeira e são o que a ANBIMA denomina de  investidores digitais. Eles são mais jovens, em média 38 anos e têm melhor poder aquisitivo, pertencem à classe B e têm renda média mensal de R$ 7,4 mil.

Sobre o perfil do investidor brasileiro é importante sabermos onde os recursos são investidos. A Pesquisa revelou que a poupança se mantém como o produto preferido dos investidores, mas vem perdendo participação: 84% deixaram os recursos na caderneta em 2019, enquanto 88% optaram pelo produto em 2018, uma queda de quatro pontos. A pesquisa aponta que na sequência, aparecem os fundos de investimento (6%), seguidos dos títulos privados (5%), dos planos de previdência (5%), títulos públicos (4%) e ações (3%). O estudo também sinaliza que o mercado de ações mesmo sendo um dos produtos de investimento mais conhecidos pelos brasileiros, atrás apenas da caderneta de poupança, ainda tem pouco apelo com os investidores.

Então existe um grande desafio referente ao mercado de ações que é a cultura de que ele é mercado que pode gerar bons rendimentos ao investir e que as questões de riscos podem ser devidamente administradas. Ocorre que segundo a pesquisa encomendada pela ANBIA, dentro do universo de investidores, há dois perfis distintos: aqueles que aplicam exclusivamente na poupança e os demais, que podem ou não ter dinheiro na caderneta, mas investem em outros produtos. Os poupanceiros, assim chamados, estão proporcionalmente divididos entre homens e mulheres (50% em cada gênero), são da classe C (65%), têm ensino médio completo (48%) e renda familiar mensal de cerca de R$ 4,4 mil.

Bem este é um pouco do perfil do investidor brasileiro e você se enquadra em qual, caso não seja ainda um investidor, tente, primeiro economize e verás que poderá ter uma melhor qualidade de vida!