ARACAJU/SE, 25 de abril de 2024 , 11:20:02

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Um pé de jambo

Dia desses eu estava voltando da academia, suado, cansado, mas de alma leve, contrastando com o peso das ‘marombas’ (termo arcaico. Eu sei, mas vai assim mesmo) no templo da atividade física. Parei o carro, fiquei aproveitando um pouco do vento frio que saía do ar condicionado. Fiquei em êxtase de alívio de calor e entrega extenuante durante poucos minutos. Reacendi a chama da coragem e desci do carro.

Antes de entrar no prédio, olhei pro lado e vimos pés de jambo do condomínio. Árvores magníficas, quase invisíveis pra quem passa todo dia ali (igualzinho às coisas e pessoas que fazem parte da nossa rotina. Às vezes, também deixamos de enxergá-las). Resolvi ir lá pra ver se tinha algum jambinho de vacilo.

O chão estava repleto de frutos maduros, morenos, tenros e macios. Olhei pro alto e me deparei com uma linda safra de jambos suculentos e prontos pra serem colhidos. Contudo também percebi que muitos frutos foram colhidos ao alcance de varas ou cabos de vassoura. E os que estavam no alto permaneciam intactos. Lembrei-me de ter visto crianças tentando tirar os doces jambo, atirando sandálias outras coisas.

Foi aí que me veio uma certa reflexão: quando criança, eu subia em tudo que era árvore. Não havia limites. A imaginação e o gosto por aventuras me levavam ao êxito certo. Não vejo mais esse ímpeto nos guris de hoje. Isso é triste.

Será que os pais mudaram? As crianças mudaram? Ou as árvores mudaram? Queria  de volta o pião e a bola de gude…