ARACAJU/SE, 24 de abril de 2024 , 9:56:18

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Vocações e Potencialidades de Sergipe – Setor Industrial

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) publicou um valioso estudo sobre as vocações e potencialidades do Nordeste e, o objetivo foi contribuir para melhorar a alocação de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) buscando-se aumentar a eficiência e ampliar a renda da região.  Assim, neste breve ensaio irei reproduzir alguns dos dados que foram apresentados sobre o Estado de Sergipe e abordarei minha opinião sobre o que podemos fazer para potencializar as nossas vocações produtivas, inclusive, apresentado dados adicionais e recentes sobre o setor produtivo de Sergipe.

De acordo com o estudo da SUDENE, a maior participação nas unidades locais da indústria sergipana é da indústria baseada em recursos naturais (49,91%). Quanto às demais categorias, os autores do estudo destacam que a indústria intensiva em trabalho tem uma participação de 32,44%. Já a indústria intensiva em escala responde por 12,20% das unidades locais.

Se considerarmos as divisões CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), as cinco maiores participações são: fabricação de produtos alimentícios (22,75%); fabricação de produtos de minerais não-metálicos (17,39%); fabricação de produtos têxteis (8,39%); confecção de artigos do vestuário e acessórios (7,18%); e fabricação de móveis (6,49 %). Juntas as cinco divisões totalizaram 62,20% das unidades locais da indústria sergipana, conforme a base de 2016. Destas cinco divisões, três são intensivas em trabalho e duas são baseadas em recursos naturais.

A posição da indústria sergipana apresentada pela SUDENE é refletida pelos sindicatos que são filiados à Federação das Indústrias de Sergipe, que são os seguintes: Sindicato  da Indústria da Construção Civil; Sindicato da Indústria de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas, Aglomerados e Chapas e Fibras de Madeiras; Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool, Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria; Sindicato da Indústria de Extração do Sal; Sindicato da Indústria de Bebidas em Geral; Sindicato da Indústrias Gráficas; Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem; Sindicato das Indústrias de Metal Mecânica; Sindicato da Indústria de Bonés e Chapéu; Sindicato das |Indústrias de Cerâmicas e Olarias; Sindicato das Indústrias Pesqueira, de Congelamento e Beneficiamento dos Produtos da Pesca em Geral; Sindicato da Indústria de Construção e Reparação Naval; Sindicato das Indústrias de Calçados; Sindicato dos Usineiros; e o Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias.

Cabe destacar que a Federação das Indústrias de Sergipe tem feito um importante papel de buscar ampliar e fortalecer a presença do setor industrial no Estados, na minha visão, os esforços do Presidente, o Economista, Eduardo Prado de Oliveira é no sentido de ampliar as vocações industriais do Estado potencializando os instrumentos de incentivos fiscais, locacionais e financeiros que possam permitir uma maior participação da indústria no PIB de Sergipe.

Mas ainda existe um desafio enorme do setor privado e do setor público que é a redistribuição geográfica do parque industrial sergipano e a reconfiguração dos nossos distritos industriais, bem como um melhor aproveitamento do Porto de Sergipe, fins conseguirmos definir melhor o crescimento do setor industrial sergipano que atualmente representa 20% do PIB sergipano. Vale salientar ao longo de uma década o setor industrial sergipano perdeu participação na composição do PIB do Estado, em 2010 representava 29% do PIB, evoluiu para 31% em 2012, porém com o avanço de atividades do setor terciário (comércio e serviços), perdeu peso relativo.

Eu acredito que o setor industrial sergipano irá retomar maior peso e posição com a ampliação da capacidade de produção de energia, principalmente com o início das operações da Usina Termoelétrica Porto de Sergipe I (UTE) que está localizada no município de Barra dos Coqueiros e irá converter gás natural liquefeito em energia elétrica. Eu creio que referida unidade industrial um dos maiores investimentos privados em Sergipe nos últimos anos (investimento de R$ 6 bilhões)  será um vetor de atração de novos empreendimentos industriais que poderão utilizar a matriz de gás de Sergipe. Destaque-se que a UTE Porto de Sergipe I entrou em operação comercial em março de 2020, sendo o seu principal insumo produtivo, o gás natural, trazido para Sergipe na forma de gás natural liquefeito – GNL, e regaseificado na unidade de armazenamento e regaseificação Golar Nanook. A Usina tem um potência de 1.551 MW de energia e poderá atender 15% da demanda de energia do Nordeste.

Do ponto de vista estatal, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (CODISE), apresenta como áreas de investimentos as seguintes: têxtil, vestuário e confecções; alimentos e bebidas; gás e petróleo; indústria de cerâmica; automotivo; calçados e produtos de couro; cosméticos; energias renováveis; metal mecânica; etanol, biodiesel e outros combustíveis alternativos; indústrias ligadas ao beneficiamento de calcário, enxofre, sais de potássio, sódio e magnésio; construção civil; construção naval; material elétrico; e móveis e outros produtos de madeira. O principal instrumento de atração de indústrias para Sergipe é o PSDI (Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial) que visa estimular a economia na atração de novos negócios através da concessão de incentivos para as indústrias nas modalidades de apoio fiscal, locacional e infraestrutura, foi graças ao PSDI que muitas indústrias chegaram a Sergipe e outras foram incentivadas a crescer.

No próximo artigo irei abordar de forma detalhada o setor rural sergipano e, no seguinte, o setor de comércio e serviços e suas respectivas vocações e potencialidades.