Um clima mais que especial e bucólico paira durante todo o mês de março em Aracaju. No dia 17 de março, a capital sergipana, completa aniversário. E em 2023, atinge 168 anos. Foi no Santo Antônio (Colina), próximo ao Centro, que começou a nascer a cidade de Aracaju, uma das capitais mais belas do nordeste. O local foi o primeiro aglomerado urbano da cidade e oferece aos visitantes uma vista panorâmica de Aracaju.
No topo da Colina está a Igreja de Santo Antônio, em estilo neogótico, singela e de suma importância para o município. A população se reúne no local todo dia 13 de junho para celebrar o dia de Santo Antônio, o santo “casamenteiro”, que empreita seu nome ao bairro.
Uma charmosa praça aos fundos da igreja ajuda a compor o cenário, com ar de cidadezinha do interior. Em frente à igreja há um mirante que dá uma bela vista para o encontro do Rio Sergipe com o Oceano Atlântico e boa parte do Bairro Santo Antônio. Nas ruas próximas à igreja, casinhas coloridas preservam a arquitetura de época.
Por ser uma das áreas mais elevadas de Aracaju diversas emissoras de comunicação estão sediadas no Santo Antônio. Ainda no bairro está localizada a rua São João, marco histórico nos festejos juninos na capital sergipana.
Uma tradição centenária que continua atraindo milhares de fiéis pelas ruas do bairro Santo Antônio. Assim pode ser descrita procissão de Santo Antônio que todos os anos sai da colina e percorre as ruas do bairro concentrando a devoção de diversas gerações de aracajuanos e visitantes. Outra característica atual do bairro é a alta concentração de idosos, dando um ar bucólico na maior parte de suas ruas.
Conta que lá vem história
No ano de 1855, a necessidade de escoar a produção sergipana com mais agilidade fez com que os administradores da época se mudassem da vizinha e antiga capital São Cristóvão para o povoado de Santo Antônio do Aracaju, atual Aracaju. A aldeia de Santo Antônio de Aracaju era registrada em fontes históricas do século XVII, quando um indígena denominado João Mulato organizou o aldeamento na área que na época pertencia à freguesia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar do Cotinguiba, atual município de Nossa Senhora do Socorro.
A partir do início do século XIX, alguns órgãos públicos são transferidos para a Colina, o primeiro passo para a mudança da capital que na época era São Cristóvão, fato que aconteceu em 1855. Porém, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a cidade não “desceu o morro” espontaneamente. Provisoriamente foi implantada na Colina uma mesa de rendas e a sede provisória até que o projeto da nova capital fosse implantado, isso se deu no ano seguinte com o famoso Quadrado de Sebastião José Pirro edificando o atual Centro. Dessa forma, o bairro Santo Antônio permaneceu em certo isolamento até o final do século XIX quando é aberta a “Estrada Nova”, atual Avenida João Ribeiro.
Na década de 1910 são implantados melhoramentos como a chegada de energia elétrica, serviço de água e esgoto e bondes puxados por burros. A partir da década de 1920 é implementada a linha de bonde elétrico, a ‘linha 2’ cujo sinal era uma luz verde, ligando o Santo Antônio ao Centro e São José. No bairro construiu-se também o primeiro cemitério público da nova capital e a maternidade, ambos denominados de Santa Isabel. Diversos casarões e sobrados foram erguidos na área da colina, próximo à igreja do Santo Antônio, enquanto que as casas mais simples foram construídas na parte baixa.
Com a expansão de Aracaju em direção à zona sul, sobretudo a partir da década de 1960, o Santo Antônio começa a dar sinais de estagnação, passando a ser ocupado por pessoas de baixa renda, exceto nos arredores da colina, onde ainda hoje encontra-se sobrados e alguns casarões reformados e modernizados pertencentes a pessoas de alta renda.
