ARACAJU/SE, 20 de abril de 2024 , 8:21:57

logoajn1

Belivaldo fala da pandemia e mostra-se otimista com a economia

Por Wilma Anjos

Em conversa com o Correio de Sergipe e o portal AJN1, o governador Belivaldo Chagas detalhou a situação do estado no enfrentamento do coronavírus. O chefe do Executivo estadual explicou as razões de adotar e manter o toque de recolher e as demais medidas restritivas em território sergipano. Embora os registros oficiais revelem discreta estabilidade nos casos de transmissão da Covid-19, Belivaldo pondera que a situação nos hospitais ainda inspira cuidados. Durante a conversa, o governador lembrou que, além da Saúde, a Economia também ficou bastante prejudicada com a pandemia. Ele revelou como está o cronograma de obras da Orla Sul, projeto de urbanização que tem como objetivo acelerar a recuperação da economia no estado. Confirma:

Correio de Sergipe: Governador, as medidas restritivas estão funcionando? Comparado aos números antes do toque de recolher, Sergipe conseguiu diminuir a curva de casos acumulados de Covid-19?

Belivaldo Chagas: As medidas restritivas estão sendo tomadas em Sergipe desde a chegada da pandemia, ainda no ano passado, sempre com base em estudos e projeções dos nossos especialistas que acompanhamos diariamente, e discutimos semanalmente junto ao nosso Comitê Técnico-Científico e de Atividades Especiais.

O cálculo da média móvel nos números da Covid-19 se dá através de uma variação de 15% para mais ou menos dos últimos 14 dias. Atualmente, com a vigência do toque de recolher por pouco mais de um mês, os números em Sergipe têm variado dentro dessa margem, o que configura uma estabilidade. Seguramos o avanço desenfreado que acabou acontecendo em todo o país, especialmente pelo aparecimento de novas cepas do coronavírus, mas num patamar ainda elevado de casos e óbitos diários, que acabam pressionando a ocupação dos leitos de UTI e enfermaria.

CS: Podemos acreditar, então, que essa estabilidade traz a esperança de afrouxar as medidas de combate ao coronavírus no estado?

BC: Conseguimos a estabilidade nos números de casos e óbitos, mas num patamar ainda elevado. Com a ocupação que temos hoje na rede pública e privada de Saúde, que beira o colapso, fica difícil pensar em afrouxar as medidas.

CS: Hoje, quantos leitos de UTI especiais para Covid-19 nós temos?

BC: No início da pandemia, em abril do ano passado, de 27 leitos de UTI exclusivos para pacientes com a Covid-19, a rede pública de Sergipe saltou para 209 leitos de UTI/Covid em julho. Este ano de 2021, para enfrentamento de uma nova onda de infectados pelo novo coronavírus, Sergipe abriu, desde o início do mês de março, 55 leitos exclusivos para pacientes com a Covid-19, ampliando para 232 o número de UTIs, um número recorde de leitos não só em relação à primeira onda, mas em toda a história de Sergipe.

CS: Em Sergipe, há fila de espera para ter acesso a esses leitos?

BC: Sempre com transparência, o Governo do Estado divulga diariamente o número de pessoas à espera de leito de UTI/Covid, tanto na rede pública quanto privada, no boletim epidemiológico que vai para as redes sociais e também para o site sergipecontraocoronavirus.net.br, criado exclusivamente para que as pessoas tenham acesso a informações sobre a doença no estado e se conscientizem.

O número apresentado no boletim é da atualização realizada até o meio-dia do dia. É importante ressaltar que os números podem mudar a cada momento, uma vez que há uma flutuação de vagas de leitos Covid por conta da dinâmica da doença (pacientes que chegam à unidade de Saúde e rapidamente agravam com necessidade de UTI e pacientes que se recuperam ampliando, assim, o número de vagas).

CS: Manter o toque de recolher tem algum tipo de relação com a fila de espera por um leito de UTI?

BC: Justamente para reduzir o número de pacientes que continuam sendo assistidos na sua unidade de Saúde de origem, mas que acabam precisando de leitos de UTI, é que as medidas atuais foram prorrogadas, incluindo o toque de recolher e restrições maiores ao funcionamento de estabelecimentos aos finais de semana. Tudo para reduzir ao máximo as aglomerações.  A decisão dos gestores é muito importante, porém o controle da pandemia depende da decisão da sociedade em aderir, acreditar e se convencer da gravidade da situação atual e em seguir as medidas e obedecer aos protocolos sanitários.

CS: O sistema de Saúde de Sergipe está aguentando a pressão?

BC: Uma doença infecciosa como a Covid-19 apresenta um cenário muito instável. É uma doença que, apesar de ser um único vírus, tem uma capacidade de mutação muito grande e com isso a gente tem as novas linhagens, as variantes que trazem aspectos novos nessa pandemia e podem favorecer uma disseminação muito rápida, com isso estamos acompanhando nas últimas semanas um número alto de pessoas diagnosticadas com a Covid-19 precisando de assistência. Os pedidos de internações aumentaram, assim como a busca por atendimentos a suspeitas de infecções pelo coronavírus.  O Governo do Estado vem no esforço para abrir novos leitos de UTI, mas esbarra, principalmente, na falta de recursos humanos. A Secretaria de Estado da Saúde tem realizado sucessivas convocações de profissionais da área da saúde para atuarem na linha de frente, mas sem muito sucesso.

CS: Para ajudar às famílias de baixa renda durante a pandemia foi criado o programa de transferência de renda. Pode explicá-lo para quem ainda não procurou seu direito?

BC: O Cartão Mais Inclusão (CMAIS) é um programa de transferência de renda direta às famílias em situação de pobreza que instituímos desde o início da pandemia, ainda em abril de 2020. O benefício de R$100 reais mensal para a compra de alimentos é feito para pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) para programas sociais, que não estejam recebendo nenhum outro benefício do Governo Federal ou Estadual. Neste mês, conseguimos incluir os trabalhadores autônomos e informais que estão na mesma situação, com um auxílio de R$ 200, inicialmente em duas parcelas.

Graças a Deus já conseguimos investir mais de R$ 25 milhões neste programa, no pagamento de 250 mil benefícios que ajudam a colocar comida na mesa de mais de 22 mil famílias sergipanas, neste momento tão difícil causado pela pandemia.

CS: Como está a Economia de Sergipe nessa pandemia?

BC: Desde antes da pandemia, no início da gestão, já estávamos fazendo um trabalho sério nas contas do Estado, de corte de gastos e austeridade, para que o dinheiro público fosse utilizado mais e melhor em obras e investimento no nosso estado. Não fosse esta preparação, estaríamos numa situação muito pior financeiramente atualmente,  em que temos investido como nunca em Saúde, para salvar vidas. Mas todo o esforço empreendido acabou dando resultado.

Mesmo com a Covid-19, conseguimos após sete anos pagar o salário do servidor público estadual dentro do mês, além do 13º com a primeira parcela antecipada para o mês  de aniversário do trabalhador e o outro no mês de dezembro direto na folha, sem a necessidade de operação financeira junto ao banco. São recursos economizados que já estão sendo investidos na recuperação das nossas estradas estaduais pelo Pró-Rodovias e em outras obras, como a Orla Sul, que serão de grande importância para o momento de retomada das atividades econômicas no pós-pandemia.

CS: Por falar em Orla Sul, como está o cronograma do projeto?

BC: A primeira etapa está praticamente concluída e logo anunciaremos a sua inauguração. As execuções das segunda e terceira etapas já começaram. As próximas [etapas] ainda serão licitadas, aos poucos, sem data marcada ainda. A nossa perspectiva é entregar a Orla Sul até 2022. São mais de 80 milhões investidos, valorizando a região, que começa nas proximidades do antigo Hotel Parque dos Coqueiros, dando continuidade à Orla da Atalaia, construída pelo ex-governador João Alves Filho e vai até o farol da Sarney.

A Orla Sul é uma das mais importantes obras da história recente de Sergipe. Este, sem dúvida, será mais um grande atrativo turístico no pós-pandemia, gerando mais empregos e renda para os sergipanos.

Você pode querer ler também