Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que, em 2024, 11.370 novos casos de câncer de bexiga serão registrados no Brasil. Os tumores de bexiga são duas a três vezes mais comuns nos homens do que em mulheres. Para se ideia, dos novos casos previstos, estima-se que 7.870 serão diagnosticados em homens e 3.500 em mulheres. Ainda não são conhecidas todas as alterações que levam ao desenvolvimento de câncer na bexiga. Entretanto, já foi identificada uma série de substâncias que se associam a uma maior incidência deste tipo de tumor, especialmente as relacionadas ao tabagismo. O sintoma mais frequente é a presença de sangramento visível na urina, mas outros sintomas associados ao câncer de bexiga são as micções muito frequentes e as dores ao urinar (disúria). Para esclarecer um pouco mais sobre o tema entrevistamos a médica oncologista Luciana Freire, da Oncoclínicas em Sergipe: confira a seguir:
Correio de Sergipe – Qual é a distribuição desses casos entre homens e mulheres?
Luciana Freire: Dos mais de 11 mil novos casos de câncer de bexiga que devem ser registrados no Brasil, estima-se que 7.870 serão diagnosticados em homens e 3.500 em mulheres.
CS – Qual é a relevância do câncer de bexiga entre os homens?
LF – Esse tipo de neoplasia é a sétima mais frequente entre pessoas do sexo masculino (exceto o de pele não melanoma), representando mais de 3% dos diagnósticos.
CS – O que os dados indicam sobre a importância da conscientização sobre o câncer de bexiga?
LF – Os dados acendem um alerta para a importância da conscientização sobre a doença, cujo tabagismo é um dos maiores fatores de risco, sendo responsável por mais de 50% dos casos diagnosticados, de acordo com o INCA.
CS – Como as toxinas do tabaco influenciam no desenvolvimento do câncer de bexiga?
LF – As toxinas presentes no tabaco e também nos cigarros eletrônicos, conhecidos como vape, são absorvidas para o sangue, filtradas pelos rins e coletadas na bexiga. A urina com esses compostos nocivos fica em contato com o tecido desse órgão por várias horas, podendo causar mutações das células ou até mesmo lesões, aumentando o risco de neoplasia.
CS – Além do tabagismo, quais outros fatores podem estar relacionados ao desenvolvimento do câncer de bexiga?
LF – A exposição a substâncias químicas, alguns medicamentos e suplementos dietéticos, gênero e raça, idade avançada e histórico familiar podem ter relação com o desenvolvimento do câncer de bexiga.
CS – Quais são os sintomas mais comuns do câncer de bexiga?
LF – O mais comum é a hematúria (sangramento na urina), seguido de perda de peso sem causa aparente, dor ao urinar e no abdômen inferior.
CS – Como é definido o tratamento para o câncer de bexiga?
LF – O tratamento é definido de acordo com o estágio no momento do diagnóstico. As opções variam de acordo com o estadiamento, que é o nível de acometimento da doença. O método de intervenção pode variar, indo desde raspagens do tumor ao tratamento intravesical, tratamento venoso e cirurgia para retirar a bexiga.