Da redação, Joângelo Custódio
Basta chover um pouquinho que o agricultor nordestino, ao seu modo peculiar, tira o chapéu, baixa a cabeça e, de joelhos, agradece a Deus pela fartura de água que cai do céu para molhar e desenvolver a plantação na roça, após um longo período de estiagem.
Ao contrário da capital sergipana, Aracaju, que entra em verdadeiro caos quando chove forte, em virtude de falta de infraestrutura necessária para absorção da carga pluviométrica, no interior, principalmente nas zonas rurais, a chuva é bem-vinda, tal qual a que vem caindo desde a madrugada desta sexta-feira (20).
A precipitação, trazida pela massa de ar polar, que se espalhou pelo País desde o início da semana, abriu as pétalas dos sorrisos dos agricultores. “Plantei milho semana passada esperando por essa chuva. Com fé em Deus, eu vou colher no fim do inverno”, disse seu Domingos, que tem uma pequena propriedade no povoado Ribeira, em Itabaiana, região que, inclusive, choveu o suficiente para verter açudes.
No Alto Sertão também choveu a contento, a exemplo do povoado Curralinho, em Poço Redondo. Por lá, seu José já arou a terra, montou as tradicionais covas altas para enterrar as manaíbas e, futuramente, colher as macaxeiras. “Agora começou a época de plantar. A chuva veio, graças a Deus”, disse agradecido.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas, absolutamente normais para esta época do ano, devem contribuir significativamente para encher açudes e barragens e recomposição dos recursos hídricos, especialmente na região do Centro-Agreste, e dar um complemento maior até o final da estação de inverno.
Com a regularização hídrica, diz o Inmet, os açudes, barragens e nascentes de rios terão maior oferta para o abastecimento, agricultura e pecuária, isto é, beneficiando todo um sistema socioambiental, mas para isso, é preciso cautela e uma boa gestão dos recursos hídricos não somente no que tange ao poder público.
Previsão
De acordo com a Coordenadoria de Meteorologia e Mudanças Climáticas da Serhma, o encontro da massa fria e da massa tropical que chegam ao estado ocasiona a formação de uma frente fria, provocando chuvas significativas e quedas de temperatura nos oito territórios sergipanos.
As precipitações leves que ocorreram em todo o Estado durante a madrugada se dissiparam, porém, na tarde de hoje, há possibilidade de tempo nublado nos territórios Centro Sul, Grande Aracaju e Sul, e de chuvas leves nas outras cinco regiões. À noite, a previsão é de precipitações leves no Baixo São Francisco e tempo nublado no restante do Estado. No litoral, as temperaturas mínimas ficam em torno 25°C e as máximas de 27,3°C. No interior do Estado, elas variam entre 23ºC e 27,3°C.
No sábado,21, aguarda-se durante a madrugada tempo nublado nos territórios Agreste Central, Centro Sul, Grande Aracaju e Sul, e precipitações leves e moderadas nos demais. Pela manhã, existe a possibilidade de céu parcialmente nublado em todo o Estado e, à tarde, probabilidade de chuvas leves e isoladas nos territórios do Agreste Central, Alto Sertão e Sul, e tempo nublado nos outros cinco. No período da noite, o tempo tende a ser nublado ao longo de todos os territórios. As temperaturas no litoral oscilam entre 25,3°C e 28,2°C, enquanto no interior variam de 21°C a 26°C.
A madrugada do domingo, 22, pode ter chuvas leves e isoladas nos territórios do Agreste Central e tempo nublado nos outros. Pela manhã há possibilidade de tempo nublado em todo o Estado. À tarde aguarda-se chuvas leves e moderadas nos oito territórios. O período noturno tende a ser de tempo nublado ou parcialmente nublado ao longo de todo o Estado. No litoral, os termômetros registram de 24,9°C a 28,3°C, já no interior eles marcam entre 20,4°C e 27,6°C.
Regimes de chuvas
De acordo com o meteorologista Overland Amaral, o Nordeste do Brasil tem três regimes principais de chuvas: Norte e Nordeste, que abrange os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, interior da Paraíba, Pernambuco, e parte Norte do Sertão, que vai de fevereiro a maio. Tem o Leste do Nordeste, que abrange Sergipe, Alagoas, Leste de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e boa parte da Bahia, que vai de abril a agosto; e o do Sul e Oeste do Nordeste, que vai de novembro a março.
