Por Cláudia Lemos
O entrevistado da semana é o secretário de Estado da Comunicação, Cleon Nascimento. Ele fala dos desafios enfrentados pelo governo de Fábio Mitidieri, das primeiras ações e do novo modelo de comunicação implementado. “Para nós, comunicação é, e deve ser, política pública. Estratégica, ela perpassa todas as outras pastas e ações do governo, de ponta a ponta”, diz. Cleon também defende que “de um lado, a comunicação cumpre o papel social de estabelecer uma ponte com a população, de abrir diálogo e de trazer à tona as demandas que serão base para os projetos da gestão”. Ele adianta que em breve serão anunciados novos projetos da própria Secom e sustenta que lançará mão de todos os meios de comunicação para alcançar a população, aproveitando o que cada mídia tem de melhor em termos de formato e linguagem.
Correio de Sergipe: Qual é o seu projeto de comunicação social para o governo?
Cleon Nascimento: Nosso projeto de comunicação para Sergipe, que manifesta o olhar do governador Fábio Mitidieri e que foi construído de forma coletiva, é trazer a informação como ferramenta estratégica de gestão. Nosso objetivo é estruturar uma política de comunicação efetiva, que contribua não só para informar a população, mas também para identificar fragilidades e nortear prioridades. Temos o diálogo como base. A recriação da Secretaria de Estado da Comunicação Social vem ao encontro desse propósito, sendo apoio fundamental a uma gestão transformadora, transparente, participativa e democrática. Estamos empenhados, portanto, em desenvolver uma política de comunicação bem traçada, que ajude a mudar a vida dos sergipanos e sergipanas.
CS: Como o senhor recebeu o convite para assumir a Secretaria de Comunicação do governo. Foi uma escolha do próprio governador ou uma indicação?
CN: Recebi com muita satisfação, me sinto honrado de poder aceitar tamanho desafio. O governador me convidou e deixou muito claro o papel que a comunicação deveria desempenhar, o que ele apresentou, está muito alinhado com a minha forma de pensar a comunicação.
CS: O senhor tem conseguido executar o projeto que traçou para a comunicação social do governo. Qual tem sido o maior desafio?
CN: São vários os desafios, mas aos poucos estamos conseguindo estampar um novo modelo de gestão. Estamos estruturando as assessorias de comunicação em cada pasta, mas todas ligadas à Secom. É a implementação de uma cultura transversal, que lida com políticas públicas e que está à frente de uma estrutura mais ampla, no posicionamento da imagem do governo.
CS: Como tem sido o processo de recriação da Secretaria de Comunicação do Governo?
CN: Tem sido de forma gradativa, sem perder de vista o objetivo basilar de alcançar a população através de todos os meios de comunicação. Jornalismo, rádio, marketing, redes sociais etc. Todas as pastas contam com Ascoms (assessorias de comunicação), o que envolve mais de 150 profissionais capacitados, de diferentes formações e especialidades, lotados nas secretarias e órgãos. Em breve, também anunciaremos projetos da própria Secom, mostrando a importância da comunicação como política pública.
CS: O senhor já conseguiu montar toda a equipe da Secom?
CN: A base acredito que sim, mas definir como uma estrutura final, não. Ainda existem outras metodologias que, de acordo com o desenvolvimento das atividades básicas da secretaria, podem ser incorporadas. Um exemplo disso e sobre o uso da inteligência de dados, a medida que as informações crescem, é necessário um olhar com maior profundidade e cuidado.
CS: Nesse primeiro ano, a Secom dispõe de dotação orçamentária para o exercício de 2023?
CN: Estamos utilizando o que foi provisionado pela gestão anterior. Mas acredito que em 2024 poderemos ter um planejamento mais claro e efetivo, partindo de um levantamento prévio do fluxo de comunicação ao qual estaremos imersos dentro do nosso planejamento de trabalho.
CS: Como o senhor define o papel e a importância para o governo, da pasta que o senhor comanda?
CN: Para nós, comunicação é, e deve ser, política pública. Estratégica, ela perpassa todas as outras pastas e ações do governo, de ponta a ponta. De um lado, a comunicação cumpre o papel social de estabelecer uma ponte com a população, de abrir diálogo e de trazer à tona as demandas que serão base para os projetos da gestão. Do outro, publiciza essas mesmas iniciativas, media o contato com a imprensa e valoriza toda uma categoria profissional. Mais além, a comunicação é um pilar democrático, sobretudo em tempos de fake news e pós-verdade.
CS: Entramos no quarto mês do governo de Fábio Mitidieri. O senhor acha que podemos dizer que ainda estamos numa espécie de lua de mel, digo, a imprensa como um todo e o governo?
CN: As ações até então deixam claro que a administração pública ganhou um novo ritmo, com projetos sendo retirados do papel e sendo entregues à população. E a relação com a imprensa deve seguir saudável e frutífera, como vem sendo até aqui. O governador faz questão de convidar a imprensa para momentos de diálogo direto, por meio do ‘Café ponto gov’, por exemplo. E é este tipo de abertura que queremos e devemos manter.
CS: Nos últimos anos, o governo priorizou as mídias sociais, em detrimento a imprensa tradicional. O que podemos esperar, nesse sentido, do novo governo? Como o senhor enxerga o papel e a importância de todas as mídias: jornal impresso, rádio, tv, portais de notícias…?
CN: Entendemos que todas as plataformas de comunicação, incluindo a imprensa tradicional, são fundamentais para o bom andamento da democracia. Todas devem andar articuladas, cada qual com sua linguagem, formato e público. É por isso que fizemos questão de estruturar a Secom em setores dentro das subáreas, que trabalham de forma conjunta.
CS: De que forma o senhor pretende utilizar cada uma das mídias existentes?
CN: Aproveitando o que cada mídia tem de melhor em termos de formato e linguagem, pra chegar a todos os sergipanos e sergipanas. O governador sempre diz que preza pelo diálogo e que pretende chegar a cada município, cada povoado. Pra isso, contamos com uma equipe qualificada, capaz de produzir um conteúdo de excelência. O intuito é acompanhar todas as ações do governo, que são muitas.
CS: Sabemos que cada uma das secretarias, órgãos e entidades possuem seu próprio setor de comunicação. Como tem sido a relação entre essas assessorias e a Secom?
CN: De suporte e colaboração. Estando em contato direto com as equipes e gestores dos órgãos e secretarias, as assessorias podem se dedicar ao trabalho diário, factual, de cada pasta, com um olhar mais focado. A Secom, por sua vez, dá suporte a esse trabalho, além de construir conteúdos que inserem as ações das pastas no contexto geral do governo. É a Secom também quem fica responsável por aparar eventuais arestas, uniformizar discursos e dar um só tom ao que é produzido e publicizado. A Secom pauta as Ascoms e vice versa, sempre de forma alinhada.
CS: Também sabemos que muitos assessores destas secretarias e órgãos trabalham apenas pela manhã, mas a notícias não têm hora. O senhor pensa em fazer algo a esse respeito?
CN: Por estarem vinculadas ao horário de funcionamento das secretarias e órgãos aos quais respondem, algumas assessorias precisam encerrar o expediente presencial, dentro dos escritórios e gabinetes, na parte da manhã. Isto não quer dizer que o dia de trabalho tenha terminado, já que os profissionais seguem atuando e em prontidão para atender às demandas, inclusive aquelas não programadas. Além disso, é preciso lembrar da carga horária determinada por lei para os trabalhadores de acordo com cada categoria, temos muito respeito e cuidado. O mais importante é que a imprensa não fique sem resposta. Na Secom temos sempre uma equipe em escala de plantão por entender justamente que a notícia não tem hora. Estamos sempre à disposição.
CS: Que legado o senhor espera deixar?
CN: O legado que pretendemos construir se alia àquele que a própria gestão quer deixar: um futuro melhor para os sergipanos e sergipanas. Do ponto de vista da comunicação, desejamos deixar uma estrutura bem organizada e dinâmica, que valorize os profissionais, aproxime a administração e as organizações de imprensa, e garanta informações mais precisas e transparentes à população. Em última instância, portanto, o que desejamos é estabelecer e fortalecer a visão da comunicação como política pública.