Da redação, AJN1
Um estudo liderado pelo professor Anderson Alves Ribeiro, da Universidade Federal da Fronteira do Sul (UFFS), e que contou com apoio do professor Lisandro Borges, representante do Comitê Científico da Universidade Federal de Sergipe (UFS), prevê que o pico de óbitos em Sergipe pela covid-19 deve ocorrer entre os dias 20 de julho e 4 de agosto, podendo chegar o mínimo de 1.231 e máximo de 2.000 mil novas mortes. A análise também tem apoio técnico da “Força Tarefa Covid”, que reúne pesquisadores de 13 universidades do país.
Em entrevista concedida a uma emissora de TV local, o professor Lisandro Borges disse que a análise foi concluída na madrugada desta quinta-feira e enviada ainda pela manhã à Secretaria de Estado da Saúde (SES). Ele conta que na próxima segunda-feira, dia 13, o material será apresentado à cúpula da SES, para contribuir com o planejamento estratégico do Governo. O pesquisador explica que a pesquisa científica leva em consideração o número de casos confirmados, óbitos e taxa de ocupação de leitos de UTI de hospitais públicos e privados.
Segundo o professor Lisandro Borges, o que mais lhe chamou a atenção no estudo foi o aumento do número de casos numa curva exponencial e a projeção do pico para os próximos dias.
“Então, para até o dia 20 de julho, a previsão é de, no mínimo 41.344 casos e, no máximo, 45.804, lembrando que é mínimo e máximo, porque é uma previsão estatística, a gente não tem bola de cristal, a gente trabalha com dados e sugere uma previsão estatística e consegue calcular, lembrando sempre que, se houver o distanciamento social e as medidas de flexibilização forem reduzidas, essa curva pode se alongar um pouquinho mais e o número de óbitos se reduzir. Já a previsão mínima de óbitos até o dia 20 do julho é de 1.094 óbitos, e o máximo 1.231, e até o dia 4 de agosto 1.358 óbitos, e o máximo 1.665, podendo chegar a 2.000, porque nós temos medidas de isolamento social e a flexibilização, na verdade com a flexibilização, o estouro dos casos vai ocorrer em torno de 14 dias, que é o ciclo de atividade viral. Lembrando sempre que uma pessoa pode contaminar outras 406 pessoas num prazo de um mês”, explica.
Números relacionados a leitos de UTI
De acordo com o professor, a projeção também tem um incremento com relação ao número de leitos, ou seja, em cima do número de óbitos tem a quantidade do número de leitos que serão ocupados. “Esses dados já foram repassados à SES e a UFS está trabalhando cientificamente junto com o Estado, o qual aumentou o número de leitos. Vemos o esforço que o Estado está tomando em aumentar o número de leitos, mas é preciso entender que em nenhum lugar do mundo há leitos suficientes para uma população que está circulando. O vírus precisa que haja circulação de pessoas, e isso está acontecendo”, diz.
O professor Lisandro diz ainda que montar um leito de UTI sem equipe especializada e sem medicamentos adequados não adianta de nada. “Não é só colocar uma maca, um respirador e abrir o leito, precisa de medicação para intubar o paciente, que está sendo escassa, de profissional capacitado para intubar o paciente, ou uma equipe multidisciplinar alinhada para que esse leito funcione adequadamente, além da quantia financeira para o exercício profissional”, conclui.
Boletim
Até a noite da última quarta-feira (8), Sergipe tinha 32.490 pessoas que se infectaram pelo patógeno, totalizando 875 óbitos.