ARACAJU/SE, 20 de julho de 2025 , 13:06:29

Empresas admitem apoiar seus empregados que queiram para atividades dia 1º

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, está convicto de que a paralisação nacional dos caminhoneiros autônomos, convocada para 1.º de novembro, não vai ganhar força. Mas mesmo líderes contrários à greve temem que, em algum nível, o movimento possa ganhar adesão. E há uma justificativa para isso: a possibilidade de empresas de transporte rodoviário de cargas apoiarem a paralisação, consentindo que empregados seus parem o trabalho se assim desejarem.

A Gazeta do Povo conversou com líderes da categoria que admitem que há empresários dispostos a apoiar a greve. E ouviu de alguns empresários a confirmação e disposição de apoiar os transportadores autônomos.

Na paralisação de 7 de setembro deste ano, houve indícios de que empresários do setor do agronegócio financiaram e apoiaram os atos contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A diferença, agora, é que a convocação de greve está relacionada a questões econômicas, como a alta do diesel. E contraria o governo, ao passo que a mobilização do feriado da Independência refletia um alinhamento à agenda do presidente Jair Bolsonaro.

Na greve de 2018, pelo menos 20 empresários do setor de transportes foram investigados por suspeita de locaute, prática conhecida como “greve de patrões”. Porém, a legislação afirma que a prática é vedada quando busca dificultar o atendimento de reinvindicações dos funcionários, o que não parece ser exatamente o caso agora.

O artigo 17 da lei 7.783/1989, que dispõe sobre o direito de greve, afirma que “fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout)”.

Por que há empresários dispostos a apoiar a greve dos caminhoneiros

Donos de transportadoras se dizem tão ou mais onerados que os caminhoneiros autônomos no que diz respeito ao custo com o óleo diesel. Como a pauta dos grevistas cobra a redução do preço dos combustíveis – inclusive com demandas por revisões na política de preços da Petrobras –, empresários estão dispostos a apoiar a paralisação.

Em caso de bloqueios nas estradas, algumas empresas estão dispostas a autorizar os trabalhadores a encostar o caminhão. “E com o maior prazer. E vou deixar nos pátios o motorista que não tem a intenção de viajar, não vamos forçar nada, porque ele vai poder ficar em casa, que é o que muitos estão sinalizando que farão”, reforça o empresário, dono de uma frota de mais de 90 caminhões que operam no país todo.

Essa disposição em apoiar a paralisação é partilhada por outros empreendedores, afirma o empresário. No mercado, há patrões vendendo caminhões pagos e trocando por financiados para ter dinheiro em caixa para sobreviver.
“Desde julho, estou operando no vermelho”, diz um outro empresário. “A maioria das empresas com quem eu falo vão agir nessa linha, se resguardar e parar mesmo. Mas alguém tem que dar o primeiro chute, e não vão ser as empresas. Se os caminhoneiros derem o pontapé inicial, as empresas apoiam e fecham tudo”, complementa o empresário. Ele não acredita, contudo, na repetição de um cenário como o da greve de 2018.

Gazeta do Povo

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