ARACAJU/SE, 11 de outubro de 2024 , 0:12:53

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Governo diz que acompanha situação da Unigel, mas não pode solucionar crise

Da redação, AJN1

Já é sabido que a Unigel, a segunda maior petroquímica do país, e que recentemente reativou a extinta Fafen-SE, vem enfrentando uma severa crise desencadeada pela compressão das margens nos negócios agro e de químicos, principalmente no tocante aos preços do gás natural, junto à Petrobras e outros fornecedores.

No último dia 17, a empresa decidiu suspender, por 90 dias, o contrato dos trabalhadores que atuam na unidade situada em Laranjeiras, iniciando já a partir de 1º de junho. A decisão afeta 1.500 empregos sergipanos, diretos e indiretos. A fábrica de fertilizantes da Bahia, que também foi arrendada da Petrobras, segue operando normalmente.

A medida, de acordo com a Unigel, se faz necessária em função da discrepância entre o preço do gás natural, principal matéria-prima utilizada, e o preço dos produtos fabricados na Unigel Agro SE, fator que vem afetando diretamente a competitividade do negócio.

Diante dessa situação, o portal AJN1 e o Jornal Correio de Sergipe procuram o Governo do Estado para saber se existe um planejamento estratégico para auxiliar a empresa no preço do gás e evitar os desligamentos dos trabalhadores.

Em nota, o Governo diz que está acompanhando, há alguns meses, a situação da Unigel em Sergipe e que a empresa notificou o Estado, no mês de fevereiro, sobre as dificuldades em que se encontrava, devido à queda do preço dos produtos fabricados e o elevado custo do gás no Brasil, principal matéria-prima utilizada, o que inviabilizaram a continuidade da produção de fertilizantes nitrogenados na planta localizada em Sergipe.

“Desde então, o Governo do Estado tem se reunido com a empresa e com autoridades do Ministério de Minas e Energia, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, da Petrobras, e da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), para buscar uma alternativa para a situação. O governo promoveu, também, uma reunião entre dirigentes da Unigel e a bancada federal sergipana para que tomassem conhecimento do problema e pudessem contribuir na busca de uma solução”, diz parte da nota enviada pela Secretaria de Comunicação.

O Governo diz ainda que está preocupado com a questão da empregabilidade na região de Laranjeiras e, também, com a possibilidade de aumento da dependência de insumos importados para atender à necessidade nacional de fertilizantes.

“O Governo reitera ainda que tal situação não pode ser solucionada pela administração estadual, visto que depende da política de preços praticada pela Petrobras”, conclui.

Preço

O gás entregue na fábrica de fertilizantes Sergipe, operada pela Unigel, custa mais de US$ 14 por milhão de BTU, contra US$ 3 o milhão de BTU nos Estados Unidos. Com isso, o fertilizante importado chega ao país com preços mais competitivos.

Crise

A Unigel está adiando um de seus principais projetos de crescimento e renegociando prazos de pagamento a esses fornecedores, numa tentativa de conter a crise, conforme publicação do Jornal Valor Econômico.

Conforme a publicação, em março, a dívida líquida de R$ 3,03 bilhões correspondia a 2,16 vezes o resultado operacional (Ebitda) em 12  meses, versus 1,3 vezes três meses antes. No primeiro trimestre, o Ebitda ajustado somou R$ 104 milhões, queda de 82% na comparação anual, com margem de 5,7% (comparável a 22,6% um ano antes).

As dificuldades da Unigel refletem a forte queda dos preços de produtos químicos e da uréia e da amônia no mercado internacional, sem a correspondente redução dos custos com matéria-prima, em um momento de elevados investimentos em expansão.

O grupo tenta desde janeiro renegociar os preços do gás natural junto à Petrobras e outros fornecedores, mas ainda não há desfecho.

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