O Correio de Sergipe conversou com o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), Valmor Barbosa sobre as ações desenvolvidas pela pasta nesses primeiros três meses de governo e sobre os projetos para a retomada do desenvolvimento econômico do estado. Falou sobre as iniciativas para atrair novas empresas e sobre a importância para o estado do projeto Sergipe Águas Profundas. Valmor diz que o governo está melhorando ainda mais o cenário local para receber novos empreendimentos e que Sergipe vive um grande momento no setor de petróleo e gás em terra. O secretário também falou sobre a preparação para o Sergipe Day, que o governo realizará próximo dia 25 em São Paulo. “Será um grande evento, elaborado para mostrar ao setor, à industrial nacional, que se concentra em São Paulo, principalmente, as potencialidades e oportunidades que Sergipe tem a oferecer, especificamente no âmbito do petróleo, gás e fertilizantes. Confira a entrevista:
Correio de Sergipe: Durante esses primeiros três meses do governo de Fábio Mitidieri, a Sedetec está desenvolvendo algum plano específico para a retomada do desenvolvimento econômico do estado?
Valmor Barbosa – Quando fui convidado para gerir a pasta da Sedetec, sabia que tinha um desafio muito grande em minhas mãos. A determinação que o governador Fábio me passou foi para prospectar novos negócios e apresentar todo potencial que Sergipe pode oferecer para que novas indústrias e negócios estruturantes possam inserir Sergipe em um cenário de oportunidades, gerando desenvolvimento e, principalmente, emprego para a população. Portanto, estamos em constante contato com empresários na missão de apresentá-los que Sergipe é um dos melhores locais para investir ou ampliar seus investimentos.
CS – Sergipe possui o maior campo terrestre de exploração de petróleo do país, no Polo Carmópolis. O que isso significa para o futuro de Sergipe?
VB – Sergipe vive um grande momento no setor de petróleo e gás em terra. Com a volta da operação do Polo Carmópolis, com a entrada da Carmo Energy, teremos a geração de muitos empregos, sejam diretos, dos contratados pela empresa, quanto indiretos, dos setores que dão suporte à operação, além do entorno dos campos de exploração. O grupo deve gerar cerca de três mil empregos em todo o estado. Sergipe só tem a ganhar.
CS – Também houve as descobertas de reservas de gás natural em águas profundas. Para quando o estado estima que irão aparecer os primeiros resultados do projeto?
VB – O Sergipe Águas Profundas (Seap) é um marco para o estado e representa também um grande avanço tecnológico com a implantação de um projeto de produção em profundidade d´água acima de 2.500 metros, incorporando inovações de última geração. A previsão para o início da produção do Seap está prevista para 2027 e terá a capacidade de disponibilizar ao mercado até 18 milhões m³/dia de gás e 240 mil barris de petróleo/dia.
Recentemente, a Petrobras lançou um edital de licitação para contratação dos dois navios plataformas, chamados FPSOs, um investimento de US$ 2 bilhões que é apenas o começo do que o projeto representará para nosso estado.
CS – Qual o status atual do Hub de Gás de Sergipe?
VB – O Hub de Gás é uma estratégia de planejamento com a finalidade de atender a região Nordeste e atrair empresas que consomem gás de forma intensa. Para isto, o governo reduziu o ICMS do gás industrial e veicular, e adequou a regulamentação estadual do setor, alinhada ao Programa Novo Mercado de Gás Natural. Estamos promovendo também uma atualização da legislação para aumentar a atratividade de investimento em Sergipe, dando segurança jurídica aos investidores.
Além disso, a Eneva, que atua na Barra dos Coqueiros com a Usina Termelétrica Porto de Sergipe I, já atua como um Hub de Gás, em plena operação.
CS – Recentemente, a Mosaic Fertilizantes anunciou um investimento de R$ 800 milhões no Complexo Mineroquímico de Taquari-Vassouras. O que isso vai significar para o estado de Sergipe?
VB – É um investimento muito alto e, com ele, será possível dar continuidade à extração do minério silvinita, que é utilizado no beneficiamento de potássio. Além disso, fortalece o protagonismo do estado no cenário nacional e estimula toda a cadeia produtiva. A expectativa é que em 2025 a produção seja da ordem de 450 mil toneladas.
CS – Como o estado recebe as empresas destes setores e dispostas a investir?
VB – O governador Fábio Mitidieri faz questão de receber pessoalmente todos os empresários que visitam o estado e demonstram interesse em investir em Sergipe. Portanto, a Sedetec tem essa função de realizar a interlocução entre o empresariado e o governo. Em três meses de administração, o governador recebeu cerca de 20 empresas, tendo assinado, inclusive, alguns Protocolos de Intenção. Então oferecemos às empresas essa facilidade de acesso às esferas de poder. Eu sempre digo que o nosso maior compromisso é desenvolver o estado econômica e socialmente, através da chegada de grupos empresariais.
CS – O Plano Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) é responsável por incentivar novos investimentos no estado e estimular aqueles que já estão instalados. Os pequenos negócios também têm espaço dentro desse plano?
VB – Os pequenos empreendimentos não são esquecidos pelo estado. Eles também podem contar com os benefícios do PSDI.
CS – Quais os benefícios previstos pelo PSDI?
VB – O PSDI é um dos melhores programas de incentivos econômico e industrial do Brasil. Ele tem o propósito de estimular o desenvolvimento socioeconômico do Estado, por intermédio da concessão de incentivos em diversas áreas como fiscal, locacional, de infraestrutura, financeiro e creditício. Além disso, está disponível para qualquer empresa que queira investir no nosso estado. Em breve promoveremos uma revisão do programa para tornar os investimentos em Sergipe ainda mais atrativos.
CS – A Sedetec é base para outros órgãos do governo no segmento da ciência e tecnologia. Quais ações podem ser destacadas nesta área?
VB – No mês de fevereiro, o Governo do Estado anunciou um aumento dos valores das bolsas de estudo da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), financiadas pelo Fundo Estadual para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funtec). Os reajustes variam entre o quantitativo de 25% e 100%. Além disso, houve o lançamento de editais de fomento à pesquisa e o resultado da segunda edição do Programa Centelha.
Já o Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe, o ITPS, é responsável pela promoção e a realização de estudos pesquisas científicas e tecnológicas, bem como à prestação de serviços técnicos, sob a forma de ensaios, testes e análises nas áreas da ciência e da tecnologia, da metrologia, da qualidade de bens e serviços, e de química, microbiologia e resistência de materiais.
Temos ainda o SergipeTec, que promove diversas atividades de pesquisa e de ensino, de apoio a empreendimentos de base técnica e industrial e da implementação de um parque tecnológico, entre muitas outras ações; a Codise, que atua lado a lado com a Sedetec prospectando empresas e buscando as melhores condições para instalação delas em Sergipe; a Jucese, que desenvolve toda a parte de abertura de empresas e que é uma das Juntas Comerciais mais ágeis do país, e a Sergas, que tive a satisfação de presidir e que também realiza um trabalho fundamental para nosso estado.
CS – Por falar em Sergas, o que a população sergipana pode esperar de novidade por parte da Sergas neste ano?
VB – Deixamos no planejamento da Sergas um grande número de obras e de expansão, e as obras já estão acontecendo em Aracaju. Uma delas está levando o gás canalizado para a região da Aruana e Zona de Expansão. Esses serviços, especificamente, buscam abrir a possibilidade de atendimento do serviço de gás canalizado a novos clientes nessa região, visto que é uma área que vem se desenvolvendo com a construção de unidades residenciais e empresas. A ampliação dos 2,1 km de gasoduto contou com um investimento de R$ 1.750.000,00, e a distribuidora irá ligar um dos postos de combustíveis da região.
CS – O que os sergipanos podem esperar da sua gestão para os próximos meses?
VB – Muito trabalho, assim como vem sendo desde que assumi a pasta da Sedetec e nos órgãos nos quais tive a satisfação de trabalhar. Iremos continuar participando de feiras de negócios, recebendo empresários de todos os segmentos do país e apresentando todas as nossas potencialidades.
CS – O senhor acredita que o estado está preparado para receber indústrias de todos os segmentos?
VB – Está e estamos melhorando ainda mais o cenário local para receber novos empreendimentos. Neste sentido, temos pensado Sergipe como um todo, procurando empreendimentos que se encaixem na vocação econômica das diversas regiões que temos e indicando isso já às indústrias. A Cervejaria Dalla, por exemplo, precisa de um espaço com boa infraestrutura de abastecimento de água, então indicamos áreas em Itaporanga d’Ajuda e eles ficaram muito interessados.
CS – O Governo realizará no dia 25 de abril o Sergipe Day, em São Paulo. O que esperar desse evento e por que realizá-lo fora de Sergipe?
VB – O Sergipe Day será um grande evento, elaborado para mostrar ao setor, à industrial nacional, que se concentra em São Paulo, principalmente, as potencialidades e oportunidades que Sergipe tem a oferecer, especificamente no âmbito do petróleo, gás e fertilizantes.
Queremos mostrar às indústrias que temos boas condições para receber investimentos, principalmente aquelas grandes consumidoras de gás, que utilizam o insumo como matéria-prima ou fonte de calor, afinal, nos próximos anos Sergipe será responsável por, aproximadamente, 20% de todo o gás produzido no país. Isso é extremamente significante e será um motor de desenvolvimento para nossa economia.
Teremos uma programação bastante técnica, focada em assuntos e palestras que demonstram exatamente isso: o que Sergipe tem a oferecer ao setor industrial nacional e como o estado tem trabalhado para atrair estes investimentos.