ARACAJU/SE, 25 de abril de 2024 , 2:57:24

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Jorge Amado 110 anos: as principais obras do autor de Tieta e Gabriela

De livros queimados em praça pública à nomeação para a ABL (Academia Brasileira de Letras), a caminhada do escritor baiano Jorge Amado está atrelada aos movimentos da sociedade brasileira em suas expressões políticas, literárias e culturais ao longo dos últimos cem anos.

Nascido em Itabuna, em 10 de agosto de 1912, e falecido em Salvador, em 2001, aos 88 anos, Jorge Amado mantém-se presente em 49 livros, muitos dos quais recordistas em vendas ainda hoje.

Através de cenários e personagens eternizados no imaginário coletivo provocou discussões morais, religiosas, raciais e sociais em seu tempo, interpretando com originalidade as realidades nacionais por meio da ficção, na maioria das vezes com protagonistas das classes populares ou marginais.

“O que fiz foi misturar uma linguagem muito popular com um certo vocabulário de época que com outros elementos situam o romance. Romance não é história é recriação da vida. […] O que quis mostrar é que os verdadeiros pioneiros, aqueles que constroem a vida, são pessoas simples do povo, que vem de baixo”, afirmava Jorge Amado.

A disputa pela terra, a formação das cidades, a tomada de consciência política, enredos de traição, sensualidade, o cotidiano dos que viviam nas ruas foram contados por milhares de personagens entre mulheres, imigrantes, trabalhadores, fazendeiros, explorados, prostitutas, jagunços, coronéis. Dona Flor, Quincas Berro d’Água, Tereza Batista, Tieta, Pedro Bala, Gabriela são alguns dos mais conhecidos.

“Segui sem trair meu compromisso com a realidade, com o povo brasileiro e sua luta, levando-a adiante e procurando ser intérprete desse povo”, declarou Jorge Amado em entrevista em 1984.

Também recebeu críticas de apropriação cultural em relação às tradições das populações afro e pelo que seria uma excessiva erotização das mulheres em seus livros.

Jorge Amado publicou ainda títulos de viés biográfico, debruçando-se sobre figuras como o poeta dos escravos Castro Alves e o militar e político Luís Carlos Prestes, escreveu verdadeiros guias sobre Salvador (“Bahia de Todos-os-Santos”), além de breve incursão pela literatura infantil.

Eleito pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro) deputado federal mais votado de São Paulo na década de 1940, conviveu com diferentes governos autoritários, sendo censurado na ditadura militar e tendo livros queimados pelo Estado Novo, de Getúlio Vargas, e até na Argentina a mando do então presidente Juan Perón pelo caráter subversivo do conteúdo que apresentava segundo as autoridades de então.

Apesar de não completar o mandato, foi autor da lei que garantia a liberdade religiosa antes de partir para o exílio. Mais tarde, com a abertura política se tornaria um dos autores com maior número de adaptações para o cinema, televisão, teatro e outras artes. Sua obra foi traduzida em 49 idiomas, segundo levantamento da Fundação Jorge Amado.

Fonte: Uol

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