Da redação, Joangelo Custódio
A promotora Euza Missano, da promotoria de Justiça dos Direitos do Consumidor, do Ministério Público do Estado (MPE), orientou o governo do Estado a não fazer propaganda sobre a balneabilidade das águas das praias atingidas pelas manchas de óleo. A recomendação foi passada à Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), durante audiência realizada na manhã desta quinta-feira (24), na sede da promotoria, em Aracaju, com a participação, inclusive, de órgãos intervenientes, como Vigilância Sanitária, Deso, Emsurb e ITPS.
De acordo com a promotora, a balneabilidade é diferente da condição própria para banho, principalmente com a presença da substância derivada de petróleo, que vem sujando as praias de Sergipe e de todo o Nordeste desde setembro.
“Pedimos para suspender esse tipo de propaganda porque parece que faz crer, a quem está assistindo à mensagem, de que está tudo bem e de que não há problema. Há problema e é visível e a gente precisa estar precavido com relação a qualquer dano. Dizer que há balneabilidade, implica numa falsa segurança, e nós não temos certeza”, esclarece Euza, referindo-se ao comercial do governo garantindo à população sergipana de que a água do mar está em condições para banho, sem ter evidências laboratoriais contundentes.
Na ocasião, ficou definido que a Universidade Federal de Sergipe fará a análise da água e da areia, além de pescado e marisco, num prazo de 10 dias. “Nós sabemos da contaminação externa, mas não sabemos da interna. Não há mortandade, mas não sabemos da contaminação interna. A Universidade fará isso, aí poderemos apresentar com segurança ao cidadão se há condição propícia para banho”, conclui Euza.
Adema
Durante a audiência, a Adema informou que todos os procedimentos para minimizar o impacto sobre a população vêm sendo adotados, e que, diante da ausência de análise precisa das águas das praias atingidas, foi suspensa qualquer publicidade a respeito do uso pelos cidadãos, inclusive informações atestando sobre a balneabilidade.
A Adema também informou que não há registro de mortandade de peixes, crustáceos, mas apenas de contaminação externa, bem como equipamentos de pescas, a exemplo de redes.
Água da Deso
A Deso também foi questionada pelo MPE sobre uma possível contaminação da água que é fornecida à população, nas áreas de captação.
A Companhia informou “que vem realizando as análises regulares, inclusive, de orgânicos incluindo os itens óleos e graxas, não tendo sido detectado até o presente quaisquer inadequações”.
A Deso disse ainda ter instalado redes de proteção nas captações flutuantes do Rio São Francisco, em Brejo Grande e Ilha das Flores como tentativa de conter o avanço do produto.