ARACAJU/SE, 23 de novembro de 2024 , 19:41:09

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Projeto de estudantes promove reforma de brinquedoteca em ONG no Santa Maria

 

 

Uma atividade de extensão desenvolvida por estudantes da Universidade Tiradentes (Unit) está contribuindo com o trabalho de formação e educação para crianças e adolescentes na periferia de Aracaju. Uma equipe formada por 11 alunos de quatro cursos trabalhou durante o último semestre letivo na reforma e revitalização da brinquedoteca do Instituto Rahamim, uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que existe há 24 anos e atende às famílias do bairro Santa Maria e de comunidades adjacentes. A OSC é filiada à ONG Gerando Falcões e atende hoje a mais de 300 crianças da região, oferecendo cursos e atividades de reforço escolar, artes, esportes e qualificação profissional para jovens.

 

O projeto, chamado Recriar é Brincar: Arquitetura e Psicologia como ferramentas na revitalização de espaços sociais, envolveu estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Psicologia, Publicidade e Propaganda e Sistema de Informação, dentro de uma disciplina que reúne atividades de extensão universitária agregadas à carga horária de cada curso. O objetivo é fazer os estudantes praticarem o conteúdo aprendido em sala de aula através dos serviços prestados às comunidades ou do atendimento a demandas reais de cada uma delas.

 

‘Os alunos passam um semestre inteiro trabalhando um projeto para o final do período, que a gente chama de intervenção. A gente vai no espaço, faz uma visita de diagnóstico, define o tema, leva a proposta para a instituição e, se ela aprova, a gente volta para a sala de aula para desenvolver o projeto da melhor forma. No caso dessa turma, a entrega foi a inauguração de uma nova brinquedoteca”, detalha a professora Cândida Oliveira, orientadora da disciplina Experiências Extensionistas 3, que acompanhou todo o trabalho desenvolvido pelos alunos na OSC. A equipe se envolveu em todas as etapas da reforma, contando com a participação direta de voluntários e de moradores do Santa Maria.

 

A ideia de reformar a brinquedoteca do Rahamim partiu de Iasmim Cristine da Silva Ribeiro, aluna de Arquitetura e Urbanismo. A ideia, segundo ela, era transformar um espaço que até então funcionava como um simples depósito de brinquedos. “A minha intenção quando sugeri o projeto foi executar algo que gerasse um impacto nas crianças que são atendidas pelo Instituto, e foi algo que funcionou. Na inauguração, elas deixaram claro como elas gostaram do espaço, que estava bem colorido, diferente, que parecia maior… Acho que o objetivo do projeto foi cumprido. Conseguimos revitalizar o espaço, gerar esse impacto e transformação no Instituto, não só para as crianças, como também para os professores que dão aula, as tias que cuidam das crianças e os voluntários”, afirma Iasmim.

 

Além de ampliar e melhorar os espaços, os estudantes elaboraram toda a estruturação e decoração do interior do ambiente, marcado principalmente pela distribuição de cores por todo o ambiente. A escolha das cores levou em conta o estímulo ao desenvolvimento cognitivo, emocional e criativo das crianças e dos educadores que utilizam o ambiente. “Esse projeto me ensinou bastante sobre a psicologia das cores. Eu entendi que não são só cores de um ambiente, mas que essas cores têm um poder muito forte no nosso desenvolvimento e na nossa aprendizagem. Quando você faz realmente com muito, com dedicação e com carinho, dá certo. Mesmo com todas as dificuldades, no final vale a pena”, destaca a aluna Ester Leite de Alcantara, de Psicologia.

 

Atuando na comunidade

 

O Instituto Rahamin foi criado em novembro de 2000 e atua desde então no bairro Santa Maria, com ações de promoção social para indivíduos e comunidades em situação de vulnerabilidade social, e em casos de calamidade pública. Ele também é filiado à Gerando Falcões, uma rede de ONGs que atende e dá suporte a líderes sociais de todo o Brasil. E através da rede, os trabalhos do instituto alcançam praticamente todo o estado de Sergipe. Atualmente, a OSC atende crianças e adolescentes através de atividades como capoeira, grafite, hip hop, pintura, balé, dança contemporânea e outros.

 

“O objetivo do instituto é o desenvolvimento territorial com a participação ativa da comunidade. Ao longo dos anos lutamos por saneamento básico, moradia, educação, saúde, segurança,  transporte e lazer. O foco da nossa ação é o próprio território vendo cada família como sujeito de transformação social, mas nossa prioridade é a criança e o adolescente”, explica Cristiano Lima Santos, fundador e CEO do Rahamim.

 

A parceria do Rahamin com a Unit se deu através da professora Cândida, que desde o ano passado tem levado os alunos até a sede da ONG, no Santa Maria, e desenvolvido outros projetos de extensão, abordando temas como saúde, vacinação, grafite e riscos causados pelo mau uso das redes sociais da internet. “Os alunos do curso de extensão trouxeram algumas contribuições muito significativas, sejam para a formação dos alunos ou dos pais. E também para nosso time de colaboradores. Alguns grupos deixaram uma marca concreta de mudança estrutural na sede. Além disso, desperta nos alunos o entendimento do que é o Terceiro Setor, o impacto que produz na sociedade e a cultura da filantropia. A mediação das professoras foi essencial para a construção do trabalho, graças ao ótimo relacionamento que elas desenvolveram com nossa direção”, elogia Cristiano.

 

“As temáticas são bem variadas e a gente leva não só para lá, como para escolas municipais e estaduais, asilos, ONGs e outros parceiros. O que os alunos aprendem é que na experiência extensionista, para além dos muros, a gente leva a universidade para dentro das instituições. Por exemplo, nós tivemos um asilo recentemente com alunos da Fisioterapia, e eles puderam na prática trabalhar o que eles aprendem em sala de aula. O impacto no caso do Instituto Rahamim é imenso e espetacular, porque um local que não estava adequado para crianças se transformou em um lugar lindo, agradável de estar, aconchegante e principalmente acessível para que as crianças possam brincar no momento em que elas estão lá. A gente fica muito feliz de ver que os alunos estão se desenvolvendo para além da universidade”, avalia Cândida.

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