ARACAJU/SE, 18 de abril de 2024 , 16:36:51

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Rogel Dias fala sobre expectativa para reabertura de restaurante

Um dos setores mais afetados pela pandemia foi o de bares e restaurantes, que na próxima quarta-feira, 19, após cinco meses, estarão liberados para a reabertura com atendimento presencial, dentro de normas de segurança pré-estabelecidas. Para tentar compreender de que forma a pandemia afetou o segmento, a dimensão do prejuízo e as alternativas encontradas para continuar sobrevivendo, o Correio de Sergipe buscou ouvir um representante do setor. O entrevistado é Rogel Antônio Dias, sergipano de Lagarto, com vasta experiência no ramo de restaurantes, respondendo hoje pela gerência geral do Restaurante Sollo. Confira a seguir:

Correio de Sergipe – Conte um pouco de sua trajetória profissional até chegar a gerencia geral do Restaurante Sollo.  Você chegou a morar na Espanha e também na Argentina. Porque decidiu retornar ao Brasil?

Rogel Dias – Nasci em Lagarto e passei quase 18 anos morando fora de Sergipe. Faz 10 anos que retornei e nesse tempo trabalhei com meu irmão, depois tive um restaurante, em parceria. Há quatro anos assumi a gerência geral do restaurante Sollo. Ainda jovem deixei Sergipe em busca de um futuro melhor. Eu tinha irmãos que moravam em São Paulo, como também tios e um amigo de infância. Quando eles vinha a passeio nas férias, eu ouvia histórias. Via que estavam bem e ficava com vontade de conhecer São Paulo e o local onde eles trabalhavam. Até então, restaurante era uma novidade para mim. Eles vinham de carro, de avião e fui ficando cada vez mais curioso em saber como eles viviam em São Paulo e como era o trabalho deles em restaurantes cinco estrelas. Daí um dia eu sai em busca do meu sonho e graças a Deus realizei. Hoje me sinto uma pessoa realizada.

 CS – O restaurante Sollo existe há quanto tempo e como ele foi afetado pela pandemia. Vocês já  funcionavam com delivery ou foi uma alternativa para manter a saúde financeira?

Rogel – O Sollo existe há 12 anos. Na verdade quando veio o decreto para fechar restaurantes, fizemos tudo para ajustar a situação: demos férias aos funcionários e aproveitamos para fazer uma reforma, realizar algumas melhorias que já estavam planejadas. Só que todos pensávamos que seria um mês ou dois meses parados. Mas o tempo foi passando e a situação se mantendo a mesma. Os funcionários que estavam em férias retornaram para o trabalho e foi aí que, como alternativa, colocamos em ação o Plano B, que foi criar o delivery. Aliás, essa era uma solicitação de nossa clientela fiel. Não poderíamos nos negar a atendê-los pelo sistema de delivery. Foi uma oportunidade de manter nossos clientes em casa e sendo servidos pelo Restaurante Sollo. Estamos com esse delivery há cerca de três meses.

CS – Vocês encontraram dificuldades na implantação do atendimento por meio do sistema delivery. Foi preciso muito investimento?

Rogel – Na verdade já tínhamos experiência com entrega, uma vez que alguns clientes sempre acabavam encomendando nossa comida. Lógico, não era uma demanda grande. Posso dizer que o delivery é uma vida nova, um outro mundo. A adequação que precisamos fazer foi com a aquisição de embalagens com padrão de qualidade, etiquetas, sacolas personalizadas. Reforçamos a segurança sanitária como um todo, não apenas na cozinha. No caso do serviço de entrega, optamos por montar nossa equipe de entrega. Tivemos que fazer um investimento alto.

CS – Dá para faturar como antes?

Não. Uma casa com o padrão do Sollo não se paga com delivery.  O nosso intuito foi realmente atender o nosso público. Para continuar sendo lembrado no mercado.

CS – Para cobrir os custos com o delivery foi preciso aumentar preços, ou vocês mantiveram os valores cobrados anteriormente no cardápio do Sollo?

Rogel – Não fizemos qualquer reajuste de preços. Mantivemos o mesmo preço e até temos dado algum desconto. E olha que trabalhamos, em sua maioria, com matéria prima de fora. Como exemplo posso citar que a nossa picanha é Argentina, e o camarão vem de Santa Catarina. São produtos que não encontramos no mercado local e com isso temos o custo do frete aéreo, impostos e uma série de coisas.

CS -Qual a estratégia adotada no Sollo para atrair velhos e novos clientes?

Rogel – A estratégia é sair na frente com qualidade, serviço e atendimento. Divulgamos em nossas redes sociais, que hoje são uma avançada ferramenta de comunicação. Hoje o whatsApp e o instagram formam um mundo novo.

CS – Foi preciso demitir funcionários?

Rogel – Como acabou acontecendo em diversos segmentos, tivemos alguns acordos amigáveis. Não houve como manter todo mundo.

CS – Você vê esse longo período de fechamento afetando seriamente o ramo de bares e restaurantes?

Rogel – Afetou muito, quase 100%. Acredito que a retomada nas áreas do turismo e na gastronomia será muito lenta. Não será fácil. Participo do grupo de whatsApp da Abrasel e tenho ouvido muitas queixas de empresários dizendo que não conseguirão reabrir.

CS – Dava para suportar por mais quanto tempo esse fechamento dos restaurantes para o público?

Rogel – O setor não tinha como suportar mais, já tinha chegado ao limite.  Todos os cartuchos foram queimados.

CS – Donos e funcionários de bares e restaurantes há muito anseiam o retorno, que agora está bem próximo (19/08). Deu tempo para preparar as medidas sanitárias pré-estabelecidas?

Rogel – Lógico. No nosso caso estamos garantido todas as medidas de segurança preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Já estamos prontos para a reabertura. Equipamentos, funcionários, distancia de mesas, álcool em gel. Em primeiro lugar está a segurança dos nossos clientes e de nossos funcionários. Estamos preparados com todo o padrão, como manda também os decretos governamentais.

 CS – Qual lição você acha que o setor já tirou deste momento?

Rogel – Isso é um exemplo que vai ficar na história. Nunca vai ser apagado. É uma lição, que não sei nem como explicar. 2020 vai ficar na história. O que posso dizer é que estamos felizes com a reabertura na próxima quarta-feira. Agradeço ao governador Belivaldo Chagas, ao prefeito Edvaldo Nogueira e a todas as autoridades envolvidas. Entendemos o lado deles. Sabemos que não depende só deles, mas de toda a população. Uma andorinha só não faz verão. O povo tem que respeitar as medidas de segurança. Agora vamos seguir em frente.

Frase

“O setor não tinha como suportar mais, já tinha chegado ao limite.  Todos os cartuchos foram queimados”

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